Uma dúvida com 27 anos: qual é o ADN português?

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«Palavras à Sorte» é a rubrica diária dos jornalistas do zerozero durante o Euro 2024. Todos os dias, na Alemanha ou na redação, escrevemos um apontamento pessoal sobre a competição e todas as sensações que ela nos suscita.

Um desafio para os nossos leitores: como descreveriam o ADN da seleção portuguesa? 

«Produzimos bons extremos», a curta resposta que consigo dar, nascido em 1997 e com memórias fortes da equipa das Quinas desde 2004. 

Scolari, Queiroz, Bento, Santos e Martínez: cinco selecionadores, uma mistura de filosofias e formas de montar as equipas em campo.

Pressão alta, blocos baixos, posse de bola, contra-ataque, jogo pelos flancos ou primazia pelo controlo a meio-campo. E agora até esquemas táticos.

Uma inquietude que me passa na cabeça durante as grandes competições, acentuada após a paupérrima exibição contra a Geórgia. A química entre jogadores foi parecida às peladinhas com amigos ao final de tarde.

Uns dias antes, num cenário de ainda maior rotação, a Espanha venceu e convenceu contra a Albânia. As peças mudam, porém, as rotinas enraizadas deste a formação permitem a quem entra em campo nunca estar perdido.

Há uma linha de continuidade entre escalões e até no percurso do selecionador atual, Luis de La Fuente.

Em Portugal, não podia ser diferente. As equipas mais jovens atuam num 4-3-3, os Sub-21 jogam muitas vezes em 4-4-2 com Rui Jorge e a Seleção A continua a insistir num 3-4-3.

A juntar ao natural pouco tempo de coesão com os companheiros, os jogadores são desafiados em sistemas e dinâmicas que nunca encontraram em ambiente de seleção.

Não devemos tirar grandes conclusões do jogo desta quarta-feira, mas a salganhada de ideias expôs os jogadores ao erro e ao insucesso. O julgamento público, se não sabia Martínez, é implacável por estas terras.

Como 2016 foi a prova, esta falta de ADN não é impeditiva de chegar ao sucesso. Podíamos era ter sido poupados ao triste espetáculo.

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