Uma Liga para novos Campeões: estreias e regressos na calha para 2024/25

A Liga dos Campeões vai mudar. A temporada 2024/25 marca a estreia de um novo formato na maior competição europeia de clubes, que se despede da fase de grupos tradicional e adota uma fase de liga que abre espaço a mais equipas, 36 e não as tradicionais 32.

Numa altura em que os campeonatos europeus entram na reta final, embora ainda haja muito (quase tudo, na realidade) para definir, já se começam a desenhar os possíveis candidatos para cada uma das vagas, tanto na fase de liga como nas pré-eliminatórias. Aliás, nas rondas de acesso ao prato principal há já uma série de lugares definidos para alguns campeões nacionais cujas ligas já terminaram.

Campeão europeu e dois estreantes na calha

A base para este artigo é um tanto ou quanto especulativa, uma vez que a matemática ainda não permite confirmar as posições de apuramento para a Liga dos Campeões nos vários campeonatos. Podemos (e vamos), no entanto, fazer um exercício de simulação: se as coisas terminassem exatamente como estão hoje, quem seria apurado?

Partindo dessa premissa, deparamo-nos com uma série de equipas fora da caixa e que podem estar entre a elite na próxima temporada. Afinal de contas, esta nova liga pode trazer também novos campeões.

Olhando às big 5, há literalmente um caso por liga. Em Inglaterra, um antigo campeão europeu está no bom caminho para regressar ao convívio dos deuses: o Aston Villa. Vencedor da edição de 1981/82, o emblema de Birmingham tem duas participações na prova, na qual não joga desde 1982/83. Atualmente é quarto classificado na Premier League, com cinco pontos de vantagem sobre o Tottenham, e festejaria o apuramento se o campeonato acabasse hoje.

Seguimos para Espanha e para encontrar um possível estreante não só na Liga dos Campeões, mas em todas as provas da UEFA. Falamos do Girona de Míchel, cuja Cinderella Story tem encantado o futebol espanhol. Os catalães já foram líderes, perderam terreno entretanto, mas ocupam o segundo lugar com 59 pontos. O último lugar de acesso à liga milionária, o quarto, é ocupado pelo Atlético de Madrid e com quatro pontos a menos.

Outra história de encantar e em contornos muito semelhantes à do Girona é vivida pelo Brest. Em França, o clube não termina o campeonato entre os dez primeiros desde 1986/87, mas esta temporada está a desafiar todas as probabilidades: ao fim de 24 jogos, ocupa o segundo lugar com 46 pontos, mais quatro do que o Monaco. Como o Girona, também o Brest nunca jogou uma prova da UEFA. Pode acontecer em 2024/25 e logo na Liga dos Campeões.

A beijar o apuramento direto está também o Bologna, em Itália. Um dos projetos mais entusiasmantes da atualidade, a equipa de Thiago Motta está no quarto lugar da Serie A, o último de acesso à Champions, com 51 pontos. A almofada pontual em relação à Roma, quinta classificada, é de quatro pontos e pode ser suficiente para marcar o regresso dos transalpinos à maior prova europeia de clubes pela primeira vez desde 1964/65, ano em que se estrearam com um desaire na ronda preliminar.

Dissemos que tínhamos um caso para cada uma das big 5 e isso leva-nos, por último, à Alemanha e ao Stuttgart. Com uma temporada sensacional a todos os níveis, o emblema germânico é o terceiro classificado e ameaça seriamente regressar a uma prova que disputou pela última vez em 2009/10, sendo que desta vez nem precisaria de passar por play-off.

Outras estreias e regressos

Focamo-nos, naturalmente, nas entradas diretas para a fase de liga, mas também não podemos esquecer o caminho até lá. Nas várias pré-eliminatórias que antecedem a fase principal, há dois clubes que saltam à vista com um possível apuramento.

Começamos pelo Nice. Atualmente no quinto lugar da Ligue 1, o clube da Côte d'Azur pode conseguir chegar à Liga dos Campeões exatamente nesta posição e explicamos o porquê: uma das mudanças no novo formato é que o país quinto classificado no ranking - França ocupa esse lugar nesta altura - apura diretamente o seu terceiro classificado para a fase de liga. Se França terminar nesse lugar, no entanto, não vai precisar dessa vaga para o terceiro classificado, uma vez que esse já tem apuramento direto. A vaga passa então para o quarto classificado - Lille - e a vaga do quarto classificado, que seria na terceira pré-eliminatória, passa para o quinto, ou seja, o Nice, que não joga a Liga dos Campeões desde 1959/60.

Na Ucrânia, e com um português (Rafael Bandeira) no plantel, o Kryvbas ocupa o segundo lugar do campeonato e espreita, neste momento, o apuramento para a segunda pré-eliminatória. Numa prova liderada pelo Dnipro-1, que pode repetir a presença deste ano nas pré-eliminatórias, é de destacar que os históricos Shakhtar Donetsk e Dynamo Kyiv correm risco de falhar o apuramento.

Ainda há muito futebol para jogar antes das contas se tornarem definitivas. Mas que só as meras possibilidades deixam água na boca, lá isso deixam.