Sem deslocações à Reboleira desde 2008/09, o Sporting regressa, esta sexta-feira, a uma casa onde é tradicionalmente feliz, mas numa data perigosa para o universo verde e branco. O aproximar de um duelo mítico do nosso futebol motivou-nos a fazer uma viagem no tempo que serviu para tirarmos duas fortes conclusões. A primeira associada aos 26 anos da única vitória caseira do Estrela da Amadora diante dos leões; a segunda relacionada com o carrasco dessa noite mágica para os tricolores: Renato Anjos. Um dos bons nomes da I Liga dos anos 90 e início do milénio, a conversa com o zerozero tornou-se realidade já depois do amigo, Chaínho, se ter disponibilizado como preciosa ponte para o contacto estabelecido. «Aquela foi uma semana louca!» exclamou, numa espécie de resumo das memórias que descomprimiu nos minutos seguintes: «Costumo dizer aos meus amigos: mais vale fazer um golo a um grande do que dez aos pequenos. Somos muito mais lembrados, muito mais vistos.» Anjos e Chaínho na companhia de vários companheiros de 1997/98 @Arquivo Pessoal Um serão feliz e glorioso que não se dissociou da «azia» fermentada pela opção técnica de um velho conhecido: «Tenho uma história com o Fernando Santos [então treinador do Estrela]... Fiquei no banco e estava com uma azia desgraçada. Depois meteu-me lá para dentro e... parece que foi vitamina.» «As oportunidades apareceram e eu estava no lugar certo à hora certa. Foi uma coisa muito gira. Ainda hoje, os meus amigos e o pessoal com quem falo lembram-se do Renato que fez os golos ao Sporting», garantiu, agora que já não está ligado ao futebol- atualmente desempenha a função de comercial numa empresa de produtos de higiene. Os três pontos permitiram a ascensão ao quinto lugar, atirando os leões para a sétima posição. Um sinal do sucesso desportivo que culminaria no apuramento europeu para a época seguinte, também assente no espírito do grupo de trabalho: «Tínhamos uma equipa muito engraçada, era uma família. Ainda hoje nos damos.» «Fizemos uma época extraordinária. O objetivo do Estrela sempre foi não descer. Cumprimos isso com bastante tempo [de antecedência] e ganhámos aos três grandes nesse ano», relembrou, garantindo ainda que, «em termos de visibilidade», aquela noite de 29 de março de 1998 foi o pico de uma carreira que durou até 2007:«Todos os dias saíram entrevistas, toda a semana se falou do Renato.» Um certificado que atesta a convicção de que a primeira passagem pelo clube foi a mais marcante da carreira: « A passagem pelo Estrela foram os melhores anos na I Liga, depois de uma época no Alverca onde faço 36 golos.» Um registo que nos suscitou o interesse em levantar as estatísticas em falta do carrasco dos leões. Uma façanha ainda única que servirá de aviso para os pupilos de Rúben Amorim e de motivação suplementar para os discípulos de Sérgio Vieira. A seguir com atenção a partir das 20h30 desta sexta-feira... «Mais vale fazer um golo a um grande do que dez aos pequenos»
«Ganhámos aos três grandes nesse ano»