Mais de 130 pessoas foram detidas durante a madrugada de terça-feira junto às instalações da NYU, uma prestigiada universidade de Nova Iorque. É o acontecimento mais recente nos Estados Unidos, numa escalada de tensão em várias faculdades devido aos protestos contra a guerra na Faixa de Gaza.
Segundo a missiva endereçada à polícia pela universidade e agora divulgada pela polícia, refere-se que a NYU pediu “repetidamente a todos os indivíduos” que abandonassem a Gould Plaza, uma praça de Nova Iorque onde se situam várias faculdades.
Os estudantes, por sua vez, tiveram um comportamento “desordeiro, perturbador e hostil” que interferiu “com a segurança da nossa comunidade”. A NYU considerou que, ao ignorarem ordens para dispersar, os indivíduos “são invasores” e pediu à polícia para fechar a área e “tomar medidas” para retirar os manifestantes.
Os manifestantes da NYU apelaram à instituição para que divulgasse e alienasse as doações de “fabricantes de armas e empresas com interesse na ocupação israelita”, adianta a BBC."Caso se recusem a sair, solicitamos ao Departamento de Polícia de Nova Iorque que tome as medidas coercivas necessárias, incluindo a detenção”, acrescentou a universidade nova-iorquina na carta publicada pela polícia.
O vice-comissário Kaz Daughtry explica que as autoridades responderam ao pedido e “dispersaram a multidão” naquela praça, tendo feito várias detenções “conforme necessário”.
“Existe um padrão de comportamento que está a ocorrer em vários campus do nosso país em que indivíduos tentam ocupar espaços e desafiar as políticas das universidades”, conclui o vice-comissário, acrescentando que, em Nova Iorque, a polícia “está pronta para abordar estas ações proibidas e ilegais” sempre que for chamada a intervir.
São várias as faculdades norte-americanas em que a normalidade académica está a ser interrompida pelos protestos de estudantes que exigem o fim da guerra no Médio Oriente e alertam para a situação humanitária na Faixa de Gaza.
Na semana passada, cerca de uma centena de estudantes da Universidade de Columbia, também em Nova Iorque, foram detidos. Também nessa ocasião, foi requerida a intervenção da polícia.
Nos dias que seguiram, os alunos contraprotestaram com grandes acampamentos montados nos relvados da universidade. Vários manifestantes externos à universidade atacaram o campus.
Para acalmar os ânimos, a Universidade de Columbia anunciou esta segunda-feira que irá permitir que os alunos possam frequentar remotamente as derradeiras aulas do semestre. “A segurança é a nossa principal prioridade”, afirmou a reitora da universidade, Angela Olinto no mesmo e-mail em que anunciou o sistema híbrido de ensino.
De acordo com o jornal The New York Times, o rastilho destes protestos chegou a outras instituições, incluindo às universidades de Yale, Minnesota, Califórnia, Berkeley e Universidade de Emerson, em Boston, onde também surgiram acampamentos de protesto.
Nas últimas semanas, várias personalidades alertaram para o perigo deste tipo de protestos, considerando que estão a alimentar o ódio e o anti-semitismo no contexto universitário. Na Casa Branca, o presidente Joe Biden alertou esta segunda-feira para o “assédio e apelos à violência contra judeus” nas universidades.
“Este anti-semitismo flagrante é repreensível e perigoso, e não tem qualquer lugar nos campus universitários ou em qualquer lugar do nosso país”, vincou o presidente dos Estados Unidos.