UNRWA tem metade das instalações destruídas em Gaza

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A UNRWA, que desempenha uma função crucial na ajuda à população na Faixa de Gaza, registou um importante corte nos seus financiamentos após Israel ter acusado um pequeno grupo dos seus 130.000 funcionários de terem alegadamente participado nos ataques do Hamas de 07 de outubro.

Lazzarini precisou que apenas dois países, os Estados Unidos e o Reino Unido, continuam a congelar a sua ajuda à agência da ONU, e após diversos países doadores terem retomado a sua contribuição pelos alegados vínculos de alguns dos seus trabalhadores ao movimento islamita palestiniano.

"Alegra-me poder dizer que os países da União Europeia já retomaram a sua ajuda", acrescentou Lazzarini. A Roménia e a Áustria, os últimos dos 27 Estados-membros que tinham suspendido a sua contribuição, também já a retomaram, adiantou.

O chefe da UNRWA também indicou que cerca de 190 infraestruturas, mais de metade das instalações que a agência geria na Faixa de Gaza, foram destruídas pelo Exército israelita em mais de oito meses de conflito.

Nestes ataques foram mortas cerca de 500 pessoas que procuravam refúgio, em muitos casos em escolas, para além dos 200 trabalhadores da ONU mortos pelos bombardeamentos, incluindo 193 da UNRWA, frisou Lazzarini.

"Não apenas sofremos uma campanha política, legislativa e de difamação. No terreno também pagámos um elevado preço", assinalou Lazzarini, que viajou a Genebra para manter um encontro com representantes dos Estados-membros que colaboram com a UNRWA.

Na perspetiva do chefe desta agência da ONU, as alegações de campanhas de difamação dirigidas à UNRWA pela liderança israelita "estão relacionadas com o facto de alguns pretenderem eliminar o estatuto de refugiado dos palestinianos", assegurou Lazzarini.

O comissário-geral não apenas assinalou a difícil situação em Gaza, mas também na Cisjordânia ocupada, onde mais de 500 palestinianos foram assassinados pelo Exército ou por colonos judaicos desde os ataques do Hamas de 07 de outubro, tendo-se imposto um "muro de silêncio" nos campos de refugiados e localidades da zona.

"Visitei recentemente uma dessas localidades perto de Tulkarem e parece uma zona de guerra, com todas as habitações destruídas", indicou.

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Desde então, Telavive lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que até ao momento provocou perto de 38 mil mortos e mais de 87 mil feridos, de acordo com as autoridades do enclave palestiniano, controladas pelo Hamas.

Calcula-se ainda que 10 mil palestinianos permanecem soterrados nos escombros após cerca de oito meses de guerra, que também está a desencadear uma grave crise humanitária.

O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

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