UpLink: Esta startup tem um plano para tornar a internet acessível para todos

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Tudo começou na cidade do Porto ainda nos tempos da universidade, quando Carlos Lei e o amigo André Francisco decidiram fundar uma startup especializada em redes mesh (compostas por vários pontos de acesso, mas que funcionam como um só), colocando em curso um conceito que prometia mudar os sistemas de comunicações locais. Quando começou em 2016, na altura com o nome HypeLabs, estava especialmente focada em criar redes mesh com dispositivos que estavam próximos entre si. E a confiança no trabalho que foi desenvolvido continua em alta: “Acredito que tínhamos o melhor software de redes mesh do mundo”, afirma Carlos Lei.


Entretanto passaram oito anos e a startup, que mudou de nome para Uplink, alterou o sistema de funcionamento, por forma a criar redes de acesso não locais, mas globais, de acesso generalizado. Para isso, o objetivo passa por oferecer um incentivo financeiro às pessoas de modo a que partilhem um pouco da sua rede de Internet. E com cada uma destas partilhas, criar uma rede que outras pessoas podem usar. A ideia é desenvolver um verdadeiro ecossistema da Uplink, autossustentável, no qual todos, desde indivíduos a grandes empresas, contribuam para uma rede alargada.

Este sistema, apoiado na base de utilizadores e num modelo de incentivos, facilitará também o aparecimento espontâneo da Uplink em novas localizações geográficas. Através de um número alargado de participantes, a empresa espera que seja possível descentralizar as responsabilidades operacionais e os incentivos financeiros. “A diferença da rede mesh da UpLink para as outras é que a nossa é híbrida, enquanto que as outras ou são reativas [só gerem tráfego quando necessário] ou proativas [indicadas para maior tráfego]”, explica o diretor executivo (CEO) da startup.

O caminho a seguir

A visão da empresa passa pela aposta num modelo B2B (de empresa para empresa), o que levou a que fosse preciso delinear uma estratégia de modo a rentabilizar o programa. “O que um dia pensei foi – e se começarmos a dar recompensas às pessoas por partilharem a Internet?”. O objetivo foi então criar um modelo de negócio diferente, assente na tecnologia, mas com a finalidade de se tornarem num ‘marketplace’. “Nós pagamos às pessoas para partilharem a internet que já têm”, finaliza.

Carlos Lei | Uplink

A startup conseguiu agora um investimento no valor de 10 milhões de dólares (9,3 milhões de euros), através de conversas com investidores, da apresentação do plano de negócios da empresa, assim como da demonstração da tecnologia que está a ser desenvolvida. “A maior empresa de telecomunicações do mundo vai fazer isto [ligar os utilizadores através de redes interoperáveis] e espero que sejamos nós. Agora este dinheiro vai ser investido sobretudo na contratação de novos funcionários, de modo a aumentar a equipa de trabalho, assim como em material necessário”, explica Carlos Lei. Em 2016, quando a HypeLabs tinha sido fundada, a startup já tinha conseguido outros três milhões de euros de investimento.

O maior “cliente” atual da Uplink é americano, mas Carlos Lei afirmou que a maior área de implantação tem sido em países da América Latina. Contudo não revelou que empresas estão na calha para serem clientes da startup, mas disse que esse anúncio está para breve e que “são coisas gigantecas”. E ao contrário do que se possa pensar, o objetivo da startup não é de todo acabar com as operadoras de telecomunicações. “Queremos ajudá-las a terem mais cobertura”, afirma.

Através de incentivos financeiros, a Uplink pretende que os utilizadores partilhem parte da sua internet para criar uma rede de acesso global

*Texto: Tiago Jorge Pereira  Edição: Rui da Rocha Ferreira

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