Vários feridos em confrontos entre polícia e manifestantes na Rússia

4 meses atrás 49

Moscovo, 17 jan 2024 (Lusa) -- Vários agentes da polícia russa ficaram hoje feridos após entrarem em confronto com milhares de manifestantes que protestavam contra a condenação a quatro anos de prisão de um opositor numa região dos Urais, afirmou uma comissão de investigação.

"Durante os distúrbios, que foram marcados pela violência, [...] várias pessoas ficaram feridas, incluindo agentes da autoridade", declarou a comissão num comunicado. 

A comissão está a investigar os crimes de organização de "motins" e de violência contra a polícia, que implicam pesadas penas de prisão.

Os manifestantes em Baimak foram dispersos com gás lacrimogéneo e cerca de vinte pessoas foram detidas, segundo a ONG especializada OVD-Info, uma organização classificada como "agente estrangeiro" pelo Estado russo.

Cerca de 6.000 pessoas protestaram em frente ao tribunal onde o ativista Faïl Alsynov estava a ser julgado, segundo a organização. 

Em vídeos publicados nas redes sociais, uma multidão de pessoas e pode ser vista a atirar bolas de neve aos polícias que usavam escudos a uma temperatura de -20°C, enquanto outros gritavam "tenham vergonha".

As imagens também mostram os manifestantes a tossir fortemente e a limpar os olhos depois de a polícia ter usado gás lacrimogéneo nesta cidade de cerca de 17.000 habitantes, não muito longe do Cazaquistão.

Os manifestantes podem ser condenados a até 15 anos de prisão se forem acusados de participar num "motim".

Segundo a OVD-Info, que documenta as manifestações e as detenções na Rússia e ajuda os opositores, "dezenas de pessoas ficaram feridas" e o acesso à Internet móvel está "quase" totalmente cortado na cidade.

Uma tal explosão de raiva nas ruas tornou-se rara na Rússia, onde qualquer crítica ao governo pode ser punida com uma pena de prisão.

Os anteriores protestos de rua em grande escala datam do outono de 2022, aquando da campanha de mobilização de centenas de milhares de reservistas - civis, por outras palavras - para reforçar as fileiras do exército envolvido na Ucrânia.

Fail Alsynov, um ativista que luta contra a exploração dos recursos energéticos do Bascortostão e que denunciou a agressão de Moscovo à Ucrânia, foi condenado a "quatro anos de prisão num estabelecimento penitenciário" por "incitamento ao ódio" pelo tribunal de Baimak, que proferiu o seu veredicto à porta fechada.

Num discurso contra a extração de ouro, proferido numa reunião municipal no ano passado, Alsynov utilizou duas palavras em bashkir, a língua local, que as autoridades classificaram de racistas.

O ativista afirmou entretanto que as suas palavras foram mal traduzidas para russo.

"Não reconheço a minha culpa. Sempre lutei pela justiça, pelo meu povo, pela minha república", defendeu-se novamente após o anúncio do veredicto, sublinhando que vai recorrer da decisão.

No veredicto, o tribunal de Baimak considerou que as afirmações de Alsynov tinham por objetivo "incitar ao ódio e humilhar a dignidade de um grupo de pessoas com base na raça, nacionalidade, língua ou origem".

O governador da república de Bascortostão, Radii Khabirov, acusou o jovem de insultar os povos da Ásia Central e do Cáucaso.

Leia Também: Kyiv pede a evacuação de cidades da fronteira norte devido a combates

Todas as Notícias. Ao Minuto.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online.
Descarregue a nossa App gratuita.

Apple Store Download Google Play Download

Ler artigo completo