Venezuela liberta 21 presos políticos após acordo com EUA para extradição de Alex Saab

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As libertações foram confirmadas pela advogada Ana Leonor Acosta, diretora da organização não governamental (ONG) Coligação pelos Direitos Humanos e Democracia, falando na sede Polícia Nacional Bolivariana em Caracas.

"Estas libertações estão a ser feitas com base numa troca [de prisioneiros] por Alex Saab. Estamos muito contentes e através da Coligação tínhamos insistido que, quando ocorressem, fossem libertados todos os presos políticos", disse a advogada.

Acosta frisou ainda que as libertações podem prosseguir, tendo ainda por base os acordos entre a oposição e o regime venezuelano, que vão ocorrer de maneira paulatina e insistiu que "falta um setor muito importante, o de 22 mulheres que são presas políticas, a maioria delas mães com crianças à espera".

Explicou ainda que o setor militar não foi tido em conta e que se trata "de um acordo político, mas não de uma decisão judicial".

Segundo Acosta, entre os norte-americanos libertados estão Luke Alexander Denman e Airan Berry, que tinham sido condenados a 20 anos de prisão por em 2020 sob acusação de terem tentado derrubar o Presidente Nicolás Maduro.

Por outro lado, o diretor da ONG Foro Penal (FP), confirmou que entre os presos políticos libertados encontram-se os sindicalistas Alcides Bracho, Gabriel Blanco, Emílio Negrín, Alonso Meléndez, Néstor Astudillo e Reynaldo Cortés, vários deles militantes do partido opositor Bandeira Vermelha.

Também foi libertado Roberto Abul, um dos organizadores das primárias em que a opositora Maria Corina Machado foi eleita para concorrer contra Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 2024.

Os últimos dados da Coligação pelos Direitos Humanos e Democracia dão conta que a Venezuela tem 290 presos políticos, um número que se reduzirá na sequência das atuais libertações.

Em 11 de dezembro a Venezuela tinha, segundo a ONG Foro Penal, 276 pessoas presas por motivos políticos, 257 homens e 19 mulheres, das quais 129 são civis e 147 militares, todos adultos. Do total, 139 aguardam julgamento.

"Desde 2014 registaram-se 15.811 detenções políticas na Venezuela (...) mais de 9.000 pessoas continuam sujeitas, arbitrariamente, a medidas restritivas da sua liberdade", adiantou

Segundo a agência norte-americana Associated Press (AP), Alex Saab, que foi detido em 2020 em Cabo Verde e extraditado para os Estados Unidos sob a acusação de lavagem de dinheiro, foi libertado na passada quarta-feira, 13 de dezembro, e, em troca, as autoridades venezuelanas libertarão alguns dos pelo menos dez cidadãos norte-americanos que se encontram presos na Venezuela.

Foi acusado de conspiração para cometer lavagem de dinheiro ligada a um esquema de subornos que alegadamente desviou 350 milhões de dólares (318 milhões de euros) através de contratos estatais para a construção de habitação económica para o Governo da Venezuela.

Também detidos na Venezuela estão os norte-americanos Eyvin Hernández, Jerrel Kenemore e Joseph Cristella, acusados de entrar ilegalmente no país procedentes da Colômbia. Mais recentemente, a Venezuela prendeu Savoi Wright, um empresário de 38 anos da Califórnia.

Em Washington, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou hoje a libertação de dez cidadãos norte-americanos presos na Venezuela e decidiu, segundo altos responsáveis norte-americanos, libertar em troca Alex Saab, um aliado do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

"Estes indivíduos perderam demasiado tempo precioso com os seus entes queridos, e as suas famílias sofreram todos os dias com a sua ausência. Estou grato pelo facto de a sua provação ter finalmente terminado e de estas famílias estarem novamente juntas", afirmou Biden numa declaração.

De acordo com essas fontes, Biden tomou a decisão "extremamente difícil" de indultar o empresário Alex Saab, preso nos Estados Unidos desde outubro de 2021 no âmbito de um processo de branqueamento de capitais.

De acordo com a agência EFE, Saab chegou ao início da noite a Caracas, ao fim de 1.286 dias de prisão em Miami.

Caracas, por seu lado, além de libertar os dez cidadãos norte-americanos que tinha encarcerados, vai entregar a Washington um fugitivo, o fornecedor do setor da defesa Leonard Francis, conhecido como "Fat Leonard", envolvido num enorme escândalo de corrupção que atingiu a Marinha norte-americana, acrescentou Joe Biden.

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