Stella Li, vice-presidente executiva da BYD, esteve em Portugal e revelou-nos a estratégia da marca para o médio prazo. Duas fábricas na Europa e foco nos híbridos fazem parte do plano.
A BYD está bem encaminhada para terminar o ano de 2024 como a marca automóvel que mais elétricos vende a nível mundial — no ano passado ficou a pouco mais de 200 mil carros da Tesla.
No entanto, para a BYD, os elétricos deixaram de ser o foco único, pelo menos para já. Principalmente na Europa, onde os híbridos serão fundamentais no médio prazo.
Foi esse um dos destaques na conversa que tivemos com Stella Li, vice-presidente executiva da BYD, e uma das principais responsáveis mundiais deste gigante chinês que admite caminhar para ser “uma espécie de empresa europeia local”.
© BYD Portugal Este encontro aconteceu durante a inauguração do novo concessionário Caetano Tec em Lisboa.Nesta entrevista, Stella Li afirmou que com as vendas de elétricos na Europa a arrefecerem, a tecnologia híbrida ganhou um novo impulso e a estratégia da marca teve de adaptar-se:
A tecnologia DM-i (híbrida plug-in) será mais importante do que os 100% elétricos (na Europa).
Stella Li, vice-presidente executiva da BYD“Em muitos países, sobretudo no sul da Europa, a penetração de elétricos é tradicionalmente muito baixa. A infraestrutura de carregamentos ainda não está construída e as pessoas têm ansiedade de autonomia”, acrescentou a vice-presidente da BYD, antes de reforçar:
“Acho que a tecnologia DM-i (híbrida plug-in) será o produto intermédio para lhes dar a primeira experiência de uma nova tecnologia. É nisso que estamos focados”, afirmou.
Recorde-se que a gigante chinesa acabou de lançar na Europa o Seal U, que em Portugal está disponível com uma variante 100% elétrica e com uma versão DM-i, com tecnologia híbrida plug-in, que já conduzimos:
Aposta forte na Europa
Nesta conversa que tivemos com Stella Li, ficou clara a importância que a Europa tem para a BYD. E a confirmação da implementação de duas fábricas em solo europeu atesta precisamente isso.
“No próximo ano, a nossa fábrica (na Hungria) vai começar a produzir (…). Além disso, também vamos investir em pesquisa e desenvolvimento aqui na Europa”, confessou-nos.
Aos poucos vamos transformar a BYD numa espécie de empresa europeia local. Essa é a nossa ambição.
Stella Li, vice-presidente executiva da BYDCom uma produção anual estimada de 150 000 carros, a nova fábrica da BYD na Hungria será a primeira de duas unidades que a marca chinesa terá em solo europeu. A segunda será na Turquia e já estará a funcionar em 2026, ainda que a sua principal missão seja fornecer o mercado local.
Será precisamente na fábrica da Hungria que serão produzidos os dois novos modelos que a BYD vai lançar no mercado europeu no próximo ano:
“No próximo ano a BYD vai apresentar dois modelos para o segmento B, um SUV e uma berlina. Queremos penetrar no mercado, por isso vamos investir. Estes dois modelos serão produzidos na Hungria”, contou-nos, antes de abrir espaço à construção de mais fábricas europeias:
Se o nosso negócio for bem sucedido, se for necessário, temos de investir mais.
Hidrogénio descartado
Numa altura em que marcas como a Toyota, a Hyundai e a BMW continuam a reforçar a aposta no hidrogénio, esta é uma tecnologia que não cabe na visão de futuro da BYD.
© BYD Portugal Stella Li, vice-presidente executiva da BYDQuestionada sobre se a marca está a trabalhar atualmente em algum projeto com pilha de combustível a hidrogénio, Stella Li foi peremptória:
“Não acreditamos que o hidrogénio ou a pilha de combustível venha a ser a tendência. Os veículos alimentados a bateria vão ser o futuro, vão ser a tendência”, atirou.