Vidro e painel solar em todo o lado, ao mesmo tempo: a janela PLANETa nasceu na Universidade de Aveiro

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«À primeira vista, parece um vulgar vidro de janela. Puro engano. Trata-se de um vidro sim, mas revestido por uma fina camada de um material transparente que capta a luz solar invisível e a converte em radiação visível ideal para alimentar células fotovoltaicas».

É assim que uma equipa do Departamento de Física e do CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro descreve o seu mais recente projecto ligado ao ambiente, o PLANETa: o objectivo é aplicar este painel de viro com uma «fina película que contém conversores fotónicos» aos edifícios, para os tornar «energeticamente mais sustentáveis».

Para já, o que existe é um protótipo de uma janela, em tamanho real, com duas valências: além de «gerar electricidade», também funciona como um «sensor de temperatura óptico alimentado pelo sol ou por iluminação LED», diz Rute Ferreira, a investigadora que está a coordenar este projecto.

Segundo a responsável, esta janela quer assumir-se como uma «forma de integração de dispositivos de geração de energia a partir do Sol em edifícios já existentes ou em construção». A energia produzida não vai, contudo, poder ser usada para alimentar equipamentos com grandes exigências energéticas

Ao contrário disso, as pequenas células fotovoltaicas, que ficam nas «extremidades da janela», conseguem apenas «gerar eletricidade suficiente para alimentar dispositivos de baixo consumo, como routers, sensores e dispositivos USB», além de um «sistema IoT capaz de monitorizar a temperatura e de disponibilizar esses valores numa plataforma online acessível ao utilizador», ressalva Rute Ferreira.

Para a investigadora, o grande trunfo da janela é a sua capacidade de «funcionar com iluminação solar e artificial», o que «garante uma operação contínua, mesmo em período de ausência de luz solar». Além da construção, a equipa do PLANETa aponta já a outros voos.

«A aplicabilidade e versatilidade destes materiais e dispositivos poderá ser testada para aplicações mais visionárias, como é o caso do ambiente aeroespacial para aumento da eficiência dos conversores fotovoltaicas utilizados em satélites e, dessa forma, baixar o custo da componente energética destes aparelhos», garante Sandra Correia, investigadora do Instituto de Telecomunicações da Universidade de Aveiro.

Mas há mais: os conversores fotónicos integrados nesta janela «também podem ser utilizados como receptores em sistemas de comunicação por luz visível» – no limite, poderão «substituir os actuais sistemas de Wi-Fi, utilizando sinais ópticos para comunicar com dispositivos movéis, tais como, tablets e telemóveis».

Além da Universidade de Aveiro, participaram no projeto PLANETa mais três entidades: Instituto de Telecomunicações, o Instituto Superior Técnico e a empresa Lightenjin.

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