Vieira da Silva: "O PS não disse que se a proposta do IRC estiver na mesa, vota contra o Orçamento"

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Casa Comum

17 jul, 2024 - 17:42 • José Pedro Frazão

Mariana Vieira da Silva diz que o Governo tem de trabalhar para a maioria que possa aprovar as suas propostas fiscais no Parlamento. A dirigente socialista diz que o debate do Estado da Nação não foi um bom contributo para o clima negocial. Duarte Pacheco, do PSD, reconhece que há sempre algum "teatro" no plenário para agradar aos apoiantes.

Crispado. É desta forma que o antigo deputado do PSD Duarte Pacheco classifica o debate sobre o Estado da Nação. Já Mariana Vieira da Silva, que esteve na primeira linha da bancada socialista, a manhã desta quarta-feira no Parlamento não augura bom ambiente para a ronda de conversação sobre o Orçamento do Estado, agendada para a próxima sexta-feira.

"Não foi um bom debate para as conversas que precisam de ser tidas. Esperemos que a tarde de hoje [quarta-feira] permita arrefecer os ânimos", apela a deputada do PS para quem o seu partido foi claro nos temas que os preocupam e na margem para negociar, sem obstáculos impossíveis de ultrapassar.

"Se [as questões] fossem linhas vermelhas, a frase teria sido: 'Se a proposta do IRC estiver em cima da mesa, votamos contra o Orçamento', como disse por exemplo o Bloco de Esquerda. Não foi isso que fizemos. Explicámos as nossas dúvidas e perguntámos se o Governo estava disponível para rever e reapreciar algumas características da sua proposta", afirma no programa "Casa Comum" da Renascença.

A antiga ministra insiste que é ao Parlamento que cabe aprovar a matéria fiscal e não existe maioria que permita aprovar as propostas do Governo neste domínio. "Quem quer obter uma maioria — e eu julgava que o Governo queria, mas hoje fiquei com menos certeza — precisa de trabalhar para ela", avisa Mariana Vieira da Silva na Renascença.

Debate para as claques

Já Duarte Pacheco desdramatiza a crispação que marcou a manhã de debate do Estado da Nação. "Os parlamentares sabem que temos muita gente a ver, incluindo muitos dos ‘nossos’. Os comentadores e os ‘tifosi’ [apoiantes mais ferverosos] querem saber quem é que ganhou, quase como se fosse um jogo de futebol", afirma o antigo deputado do PSD que fala mesmo em "teatro" que, por vezes, força os agentes políticos a serem mais contundentes nos comentários e nas críticas em plenário.

Sobre a reforma do IRC, Duarte Pacheco assinala que esta era uma das promessas fundamentais da AD que quer agora concretizar no Governo.

"O Partido Socialista tem reservas, há-de as expor e, porventura, — esperemos — vai encontrar-se uma solução que permita ao Governo cumprir a sua promessa, mas com salvaguarda das questões importantes para o PS", conclui Duarte Pacheco.

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