Vila de Chiúre recebe há mais de uma semana deslocados em fuga

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"Esta movimentação das pessoas começou no Posto Administrativo de Mazeze, já faz uma semana e alguns dias", afirmou o autarca da vila de Chiúre, Alicora Intutunha, em declarações ao canal privado STV.

Os insurgentes atacaram os postos administrativos de Mazeze e de Chiúre - Velho, a cerca de 50 quilómetros da vila de Chiúre, obrigando à fuga de famílias residentes nessas áreas, avançou Intutunha.

O autarca, eleito pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, confirmou que várias infraestruturas foram queimadas pelos grupos armados nos dois postos administrativos.

Aquele dirigente adiantou que há relatos da presença de forças governamentais na vila de Chiúre, mas que ainda não os viu pessoalmente.

Sobre a assistência aos deslocados em Chiúre, Alicora Intutunha declarou que ainda não foi dado nenhum apoio, porque apenas hoje é que formou o novo governo autárquico, uma vez que tomou posse em 07 de fevereiro, na sequência das eleições autárquicas de 11 de outubro.

Fontes no terreno disseram à Lusa que centenas de pessoas estão em fuga no sul da província de Cabo Delgado, em direção à vizinha província de Nampula, devido à intensificação dos ataques terroristas nas últimas horas.

A fuga dos populares, a pé e famílias inteiras, conforme documentado também por vários vídeos confirmados pela Lusa, acontece desde segunda-feira e envolve moradores de Mazeze, Chiúre-Velho, Mahipa, Alaca, Nacoja B, Nacussa, que abandonaram as respetivas aldeias percorrendo mais de 20 quilómetros ao longo da estrada Nacional (N1), até atravessar o rio Lúrio, fronteira com a província de Nampula, à procura do refúgio no distrito de Eráti (Namapa).

O distrito de Chiúre, sul de Cabo Delgado, tem sido alvo de vários ataques nos últimos dias e a população começou a partir em direção a Nampula.

Nesta onda de ataques, um camião-cisterna carregado de combustível, com destino à cidade de Pemba, foi queimado por volta das 16:00 (14:00 em Lisboa) de terça-feira, pelos terroristas, na comunidade de Mahipa, ao longo da estrada EN1, pertencente ao posto administrativo de Ocua, em Chiúre.

Ao fim da tarde de terça-feira era notória a movimentação das Forças de Defesa e Segurança para a zona de Ocua, numa aparente tentativa de restituição da ordem em Chiúre.

Na noite de terça-feira, em diversos pontos das matas do posto administrativo de Ocua, os populares relataram rajadas de tiros.

Nas últimas semanas têm sido relatados casos de ataques de grupos insurgentes em várias aldeias e estradas de Cabo Delgado, inclusive com abordagens a viaturas, rapto de motoristas e exigência de dinheiro para a população circular em algumas vias.

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou na semana passada a autoria de um ataque terrorista em Macomia, em Cabo Delgado, e a morte de pelo menos 20 pessoas. Tratou-se de um dos mais violentos ataques em vários meses.

Através de canais de propaganda, o grupo terrorista documentou o ataque a uma posição das forças armadas moçambicanas, levando material bélico, e reivindicou ainda outro ataque em Chiúre.

Também na semana passada foi confirmado o ataque, reivindicado pelo EI, no distrito de Chiúre, com a destruição de várias infraestruturas e igrejas.

O alvo foi a sede do posto administrativo de Mazeze, onde os rebeldes atearam fogo ao hospital, à secretaria do posto administrativo e à residência da chefe do posto administrativo, avançou o administrador distrital de Chiúre.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos alguns ataques reivindicados pelo EI, o que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos do gás.

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