Preocupado com «a linha de sucessão direta» no FC Porto, num cenário de vitória de Jorge Nuno Pinto da Costa nas eleições de 27 de abril, André Villas-Boas defende a força da sua candidatura à presidência azul e branca. O treinador campeão nacional de 2011 considera, de resto, que o opositor «não está em condições» para iniciar aos 86 anos um novo mandato. Na visão de Villas-Boas, a idade avançada obrigará, a dada altura, à entrada em cena de um dos vice-presidentes. Em entrevista à Renascença e ao Público, cujo conteúdo integral será conhecido na quinta-feira, André Villas-Boas vai mais longe e lamenta o aproveitamento feito por «algumas pessoas» relativamente ao atual estado de Pinto da Costa. «Eu, apesar de ser candidato à presidência, sou também sócio do FC Porto», adverte o candidato à liderança da direção portista. «Daí que, enquanto sócio e acionista, tenha pedido explicações sobre estes negócios cada vez mais promíscuos e de interesses de outros, onde me parece cada vez mais evidente que algumas pessoas, de certa forma, se estão a aproveitar da debilidade do presidente e da sua incapacidade, digamos assim.» Lamentando ver o FC Porto «refém dos interesses» de elementos alheios ao clube, André Villas-Boas explicou a opção de afrontar um nome com um peso histórico inigualável no emblema azul e branco. «Dificilmente pensaria que o presidente se pudesse recandidatar em 2024», referiu Villas-Boas. «Naturalmente, é livre de o fazer e eleva este desafio e o sentido de responsabilidade e exigência. Os últimos anos têm levado o FC Porto à ruína financeira e a uma perda de competitividade desportiva. No meu entendimento, sempre pensei que não se recandidatasse. Resolvi avançar com esta candidatura mesmo que ele fosse meu adversário – sinto que o FC Porto precisa de um novo rumo.»
A gestão das Finanças voltou a ser arrasada, com Villas-Boas a referir que em 24 anos, desde 2000, o FC Porto fez 2,9 mil milhões de euros em receitas. Número insuficiente para garantir hoje dados positivos. «O FC Porto tem 500 milhões de euros de passivo e 300 milhões de dívida financeira. Parece surreal que, enquanto podíamos ter crescido, acabámos por nos enterrar em dívidas.» No conteúdo revelado esta quarta-feira, pode ler-se uma crítica dura a João Rafael Koehler, um dos nomes da lista candidata por Pinto da Costa.
«Está ligado a um fundo chamado Quadrantis que, neste momento, está intimamente relacionado com a antecipação de receitas do FC Porto e o factoring, com condições e juros que ninguém sabe quais é que são. É muito provável que nas colaterais [garantias] dadas a esse fundo estejam direitos comerciais e passes de jogadores. Não é impossível que, se incumprir em determinadas coisas, a Quadrantis se torne dona do FC Porto.» André Villas-Boas, Jorge Nuno Pinto da Costa e Nuno Lobo são os candidatos à presidência do FC Porto. «Acabámos por nos enterrar em dívidas»