Vitória de Maduro. Entre a suspeição de fraude eleitoral e as felicitações dos aliados internacionais

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As reações à vitória de Nicolas Maduro, para um terceiro mandato à frente dos destinos da Venezuela, não poderia causar reações mais extremadas. Por um lado, a oposição ao chavismo e vários países que se antagonizam com Maduro alegam a possibilidade de fraude, nas eleições de domingo, enquanto os aliados do líder venezuelano o felicitam pela vitória.

Na Venezuela, a oposição liderada por Edmundo González rejeitou o anúncio da Comissão Nacional de Eleições “por ser fraudulento e prometeu contestar o resultado”.

Afirmam que González venceu com 70% dos votos e insistem que este “é o legítimo presidente eleito”.

Los resultados son inocultables. El país eligió un cambio en paz.

— Edmundo González (@EdmundoGU) July 29, 2024

A oposição afirma que as contagens de votos recebidas, bem como as sondagens à boca das urnas e as contagens rápidas, mostravam que González tinha uma vantagem de 40 pontos percentuais sobre o actual presidente.

Os partidos da oposição uniram-se em apoio de González numa tentativa de destituir o presidente Maduro, após 11 anos no poder.

A oposição enviou milhares de testemunhas às assembleias de voto de todo o país para poder anunciar a sua própria contagem de votos.

No entanto, uma porta-voz da coligação anuncia que estas testemunhas foram “forçadas a abandonar” muitas assembleias de voto.

EUA e potencias regionais desconfiados dos resultados

As dúvidas em relação à fiabilidade dos resultados alargaram-se a alguns países da comunidade internacional. Nos Estados Unidos da América, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, foi um dos que manifestou desconfiança depois de o resultado ter sido anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral, um órgão dominado por apoiantes do chavismo.

Nicolás Maduro vence as eleições na Venezuela

Afirmou que os EUA têm “sérias preocupações de que o resultado declarado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano”.

Na América Latina, o presidente chileno, Gabriel Boric, também pensa que o resultado é “difícil de acreditar”.

Boric exigiu “ total transparência das atas e do processo, e que os observadores internacionais não comprometidos com o governo prestem contas pela veracidade dos resultados”.

Los resultados son inocultables. El país eligió un cambio en paz.

— Edmundo González (@EdmundoGU) July 29, 2024

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, declarou que já achava que Maduro iria “‘ganhar’ independentemente dos resultados reais”.

Também a Colômbia, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luis Gilberto Murillo, insistiu na necessidade de esclarecer “qualquer dúvida possível”. “Apelamos a que, o mais rapidamente possível, se proceda à contagem total dos votos, à sua verificação e auditoria independente”, acrescentou.

China e países socialistas aos lado de Maduro

Mas não foram só críticas que Maduro ouviu no pós-eleições. A China felicitou-o, esta segunda-feira, pela sua reeleição.

"A China felicita a Venezuela por realizar sem problemas as eleições presidenciais e felicita o presidente Maduro pela sua reeleição bem sucedida", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, num briefing regular.

"A China está pronta para enriquecer a parceria estratégica e beneficiar melhor os povos de ambos os países", disse.O Irão também felicitou Maduro.

Por seu lado, o presidente cubano, Miguel Diaz-Canel, disse que “a dignidade e a bravura do povo venezuelano triunfaram sobre a pressão e a manipulação”.

Maduro descreveu o resultado como “um triunfo da paz e da estabilidade” para os apoiantes em Caracas.

Elogiou o sistema eleitoral venezuelano, descrevendo-o como transparente, e ironizou a oposição, que, segundo ele, “clama fraude” em todas as eleições.

Conversé con el hermano @NicolasMaduro para transmitirle calurosas felicitaciones a nombre del Partido, el Gobierno y el pueblo cubanos por el histórico triunfo electoral logrado, tras una impresionante demostración del pueblo venezolano.

Le reafirmé la solidaridad de #Cuba. pic.twitter.com/HDuV8eVn94

— Miguel Díaz-Canel Bermúdez (@DiazCanelB) July 29, 2024

O líder de esquerda da Bolívia, Luis Arce, também celebrou o resultado de uma eleição realizada no que terá sido o 70º aniversário de Chávez. “Que excelente forma de lembrar o Comandante Hugo Chávez”, escreveu.

Já o Governo da Nicarágua divulgou uma carta enviada pelo Presidente Daniel Ortega e pela Vice-Presidente Rosario Murillo na qual saúdam a "grande vitória que este heroico povo entrega ao eterno comandante, no seu aniversário".

Na mesma linha vai a mensagem do Governo das Honduras que escreve: “Saudações democráticas e felicitações especiais ao Presidente Maduro e ao corajoso povo da Venezuela pela sua vitória incontestável”.

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