O Benfica voltou da pausa para o trauma do primeiro deslize. Depois das 13 vitórias consecutivas, o primeiro empate. Este sábado, no «vulcão» de Guimarães, o líder nunca viveu confortável perante um Vitória SC que soube emprestar ao jogo a estratégia e a atitude correta. A pausa quebrou o flow do líder. Essa é uma contestação inegável. Roger Schmidt tinha alertado para essa possibilidade, depois de uma série imaculada, ainda que também tenha destacado a importância do descanso. Mas foi um Benfica longe do fulgor de outras tardes/noites esta temporada, aquele que se apresentou em Guimarães. Desde logo, por mérito do Vitória SC. Moreno percebeu onde morava o perigo encarnado e, por isso, usou da melhor estratégia que tinha: povoar o meio para «tirar», sobretudo, Enzo Fernández e Rafa Silva da equação de qualquer perigo; e funcionou, porque nem um nem outro conseguiram ser decisivos num D. Afonso Henriques em ebulição. E se esses se apagaram, André André e Tiago Silva subiram a protagonistas. Os dois médios vitorianos foram os «tampões» de serviço à frente de uma linha defensiva que teve em Ibrahima Bamba outros dos impenetráveis. Sobraria, pensou Roger Schmidt, o talento individual para resolver os problemas causados pela equipa da casa. Já tinha sido assim noutras ocasiões. Mas nem esse sobrou às águias, porque se Rafa foi anulado, João Mário, David Neres e Gonçalo Ramos viveram apagados de um jogo que nunca lhes pertenceu. Com tamanha dificuldade para criar jogadas de envolvimento à frente, o Benfica pode resguardar-se na fortuna por não ter saído de Guimarães com a primeira derrota da temporada. Sobretudo na primeira parte, o Vitória foi perigoso. Só nos 25 minutos iniciais, cinco bolas ameaçadoras para Vlachodimos. Jota foi o primeiro, aos quatro minutos, com um remate que passou ao lado; aos 15, Zé Carlos meteu a «quinta» e criou espaço para Nélson da Luz tentar a sorte. Seguiu-se perigo na sequência do canto e, aos 22 minutos, Bamba aventurou-se no ataque, tirou dois benfiquistas do lance, e serviu Jota para um desvio de cabeça perigoso. O Vitória ficou, por tudo isso, a dever a si próprio outro resultado. Perigo efetivo do Benfica só aos 41 minutos, quando Rafa até contornou Bruno Varela, mas perdeu-se no exercício do raciocínio. Por essa altura, porém, já o líder se tinha recomposto em parte, não permitindo, pelo menos, que a equipa da casa «cheirasse» zonas proibitivas. Mas foi pouco, muito pouco de uma equipa que chegou à cidade-berço com o lastro da perfeição na época. E ainda que o início de segunda parte tenha provado que o Vitória estava menos perigoso, o Benfica não parou de sofrer. Aos 72 minutos teve de viver com a sombra de uma grande penalidade, depois de Rui Costa assinalar falta de Vlachodimos sobre Safira. O VAR interveio e a decisão acabou revertida. Na cartada final, Schmidt tentou surpreender. John Brooks, central de profissão, foi arma de recurso à frente. Ainda foi a tempo de servir Draxler no derradeiro lance do encontro, mas o alemão - apagadíssimo - atirou para a bancada. Proibido transitar pelo centro
Desperdício vitoriano
Momento crítico aos 72
Vitória tirou flow ao líder
