Volt Typhoon desativada. EUA acusam "hackers" chineses de visarem infraestruturas vitais

7 meses atrás 59

A pirataria cibernética chinesa estaria, segundo Washington, a preparar possíveis ataques a estações de tratamento de água, rede elétrica, portos navais e sistemas de transporte em solo norte-americano.

Porém, uma operação desencadeada pelas autoridades norte-americanas conseguiu travar a ameaça da rede de hackers conhecida como Volt Typhoon.

Estes piratas informáticos, alegadamente apoiados pelo Estado chinês, instalavam malware - programas informáticos projetados para danificar ou explorar vulnerabilidades em qualquer rede ou dispositivo – com o objetivo de “causar estragos” em infraestruturas essenciais norte-americanas.

Esta movimentação silenciosa dos hackares do Volt Typhoon estava a contaminar centenas de instalações domésticas, encobrindo o rastro enquanto instalavam o malware.A operação cibernética norte-americana conseguiu interromper a rede de dispositivos ligados à internet, entretanto contaminados. 

O principal perigo está na possibilidade de o equipamento infetado ser controlado remotamente pelo atacante.

Os hackers estavam a infiltrar-se nos potenciais alvos através de várias redes infetadas disfarçados no tráfego normal da internet.

“Isto funciona assim: os chineses estão a assumir o controlo de uma câmara ou modem que está posicionado geograficamente próximo de um porto ou um fornecedor de serviços de Internet. Depois usam esse destino para encaminhar as suas intrusões para o alvo real. Na rede da empresa parece apenas um utilizador nativo normal sentado por perto”, explicou à agência Reuters, a coberto do anonimato, um ex-funcionário familiarizado com o assunto.

Redes infetadas

O diretor do FBI, Chris Wray, afirmou perante a Câmara dos Representantes, a propósito do Partido Comunista Chinês, que houve muito pouco conhecimento público sobre a ameaça cibernética preparada para afetar “todos os americanos”.

“Os hackers da China estão a posicionar-se na infraestrutura americana, preparando-se para causar estragos no mundo real aos cidadãos e comunidades americanos. E pode acontecer, se ou quando a China decidir que chegou a hora de atacar”, disse Wray.Nos últimos anos, os EUA tornaram-se mais agressivos na tentativa de interromper e desmantelar operações cibernéticas criminosas alegadamente apoiadas pelo Estado chinês.

O diretor do FBI alertou ainda, na quarta-feira, que hackers apoiados por Pequim pretendiam aceder a informações secretas comerciais para promover a economia chinesa e roubar dados pessoais para campanhas de influência estrangeira.

“Eles estão a fazer tudo isto. Em última análise, todos eles alimentam o objetivo da China de suplantar os EUA como a maior superpotência do mundo”, sublinhou Wray.

Para complicar a ameaça, os hackers apoiados pelo Estado, especialmente chineses e russos, são bons a adaptar-se e a encontrar novos métodos e vias de intrusão.

“A verdade é que os ciberatores chineses aproveitaram-se de falhas muito básicas na nossa tecnologia”, reconheceu, por sua vez, Jen Easterly, diretora da Agência de Segurança Cibernética e de Infraestrutura do Departamento de Segurança Interna. “Nós facilitámos-lhes o caminho”, observou.

A Administração Biden tem-se concentrado cada vez mais na pirataria informática, não só por receio de que haja perturbações na eleição presidencial, em novembro, mas também porque os hackers causaram estragos em empresas americanas durante o ano de 2023.

O Volt Typhoon surgiu inicialmente em maio de 2023, mas os hackers depressa expandiram o escopo das operações no final do ano passado.

Em caso de guerra
As autoridades dos EUA estão preocupadas com o fato de os hackers estarem a minar redes informáticas para prejudicar a prontidão dos EUA no caso de uma invasão chinesa em Taiwan.

De acordo com especialistas em segurança nacional citados na Reuters, "tais violações poderiam permitir à China perturbar remotamente instalações importantes na região Indo-Pacífico que, de alguma forma, apoiam ou prestam serviços às operações militares dos EUA".

A China, que reivindica Taiwan como parte do seu  território, aumentou as actividades militares perto da ilha nos últimos anos, em resposta ao que Pequim chama de “conluio” com os Estados Unidos.

Não é novidade a utilização das conhecidas botnets - rede que inclui um número de dispositivos ligados à internet, entretanto infetados - por hackers governamentais e criminosos; servem para branquear as operações cibernéticas.

A intenção do invasor é  atingir rapidamente inúmeras vítimas simultaneamente, ocultando a origem do ataque.

c/ agências

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