Von der Leyen e Sánchez vão à Mauritânia anunciar mais cooperação

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Segundo fontes do Governo espanhol, a viagem de Ursula von der Leyen e de Pedro Sánchez resulta da pressão de Madrid para haver um reforço da cooperação europeia com a Mauritânia, abrangendo diretamente a dimensão da segurança e controlo de fronteiras, mas também o desenvolvimento económico e a ajuda humanitária, com o objetivo de dar uma "resposta integral" ao problema da imigração irregular.

Von der Leyen deverá anunciar um "pacote importante" de medidas de apoio à Mauritânia que as fontes do Governo espanhol não concretizaram, dizendo apenas que resulta de um trabalho entre todas as partes nos últimos meses.

Fontes europeias citadas pelos meios de comunicação social espanhóis avançaram hoje que Bruxelas deverá anunciar 200 milhões de ajudas à Mauritânia, em diversas áreas de cooperação.

Para o período 2022-207, a União Europeia (UE) tinha destinado 12,5 milhões de euros à cooperação com a Mauritânia com o objetivo de combater a imigração irregular.

Sánchez, a nível bilateral, fará também anúncios, disseram as fontes do Governo de Madrid, que referiram uma linha de crédito para empresas espanholas que queiram investir na Mauritânia, um acordo para promover a designada imigração circular (contratações de pessoas no país de origem e regresso no fim do contrato) e protocolos de âmbito cultural.

A nível da segurança e controlo de fronteiras, Espanha tem já na Mauritânia, há anos, agentes e meios de vigilância, em colaboração com as autoridades locais, e coopera na formação de recursos humanos.

Da agenda de Von der Leyen e Sánchez na Mauritânia faz ainda parte uma mesa redonda sobre o hidrogénio verde, em que estará também o Presidente do país, Mohamed Ould Ghazouani, e empresários, com o objetivo de "dar visibilidade" a um projeto de Bruxelas anunciado em outubro passado, segundo as mesmas fontes.

Trata-se de um projeto europeu de hidrogénio verde na Mauritânia, no âmbito dos programas de cooperação da UE com países terceiros e vizinhos.

Espanha, com costas no Mediterrâneo e no Atlântico (neste caso, as Canárias), é um dos países da UE que lida diretamente com maior número de chegadas de migrantes em situação irregular que pretendem entrar em território europeu.

Como outros Estados-membros da UE, Espanha tem defendido o reforço da cooperação com os países de origem e trânsito de migrantes, insistindo numa "abordagem integral", que não se limite ao controlo de fronteiras e abranja também o desenvolvimento económico e social.

As fontes do Governo espanhol realçaram, a propósito da deslocação de Von der Leyen e Sánchez, que a Mauritânia é um dos países mais pobres do mundo e que 60% da população tem menos de 25 anos, sendo necessário criar oportunidades para os jovens.

Em paralelo, a Mauritânia, que fica na região do Sahel, está a lidar também diretamente com uma avalanche de migrantes, por causa da instabilidade política nos países vizinhos.

Foi neste contexto que a Mauritânia pediu ajuda humanitária, para apoiar dezenas de milhares de pessoas que vivem no campo de refugiados de Mbera, explicaram as fontes do executivo espanhol.

As costas da Mauritânia são a principal origem de uma onda inédita de embarcações precárias (conhecidas em Espanha como 'pateras') que estão a chegar às ilhas Canárias, sobretudo desde meados de dezembro.

Só em janeiro, chegaram às Canárias 7.270 pessoas em 110 'pateras', como em todo o primeiro semestre de 2023 (7.213 migrantes em 150 embarcações).

Segundo as autoridades espanholas, 83% dos migrantes que entraram nas Canárias em janeiro saíram da Mauritânia.

A situação no Sahel tem um "impacto imediato" em Espanha e a Mauritânia deve ser um "parceiro estratégico" para a UE, defenderam as fontes do Governo de Madrid.

O reforço da cooperação europeia com países terceiros, no contexto de picos de chegadas de pessoas em situação irregular, não é inédito. Um dos exemplos ocorreu no ano passado, com a Tunísia, por pressão de Itália.

Segundo dados oficiais, 55.618 pessoas chegaram por mar a Espanha em 2023 em situação irregular, o maior número desde 2018.

A maioria dos migrantes (39.910) chegou às Canárias, com o Governo espanhol a atribuir o aumento destes números, entre outras coisas, à instabilidade no Sahel.

Já as organizações não-governamentais (ONG) atribuem também este aumento aos acordos de Espanha com Marrocos, para controlo das fronteiras, que levam os migrantes para as rotas mais longas e perigosas do Atlântico.

Segundo a ONG Caminhando Fronteiras, 6.618 pessoas morreram no ano passado no mar quando tentavam chegar a Espanha, quase o triplo das vítimas de 2022 e o maior número desde que há registos (2007). Mais de 6.000 (6.007) dessas pessoas morreram na "rota das Canárias", que voltou a ser "a região migratória mais letal do mundo".

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