Votação histórica. Congresso dos EUA tenta destituir secretário de Segurança Interna

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Sem poupar nas críticas à pasta da migração do Governo Federal norte-americano, principalmente por parte do Partido Republicano, foi votada a demissão de um secretário. Mayorkas tem sido apontado como o culpado pelos problemas migratórios na fronteira com o México e pelo fluxo recorde de migrantes ilegais registado no ano passado.

Numa votação histórica e renhida, a Câmara dos Representantes decidiu a destituição de Mayorkas com 214 votos republicanos, contra 213 votos democratas.
É a primeira vez em quase 150 anos que o Congresso impõe uma sanção deste tipo a um secretário. Mas a decisão não deve passar no Senado, cuja maioria democrata tentará impedir a saída de Mayorkas de prosseguir.

É necessária uma votação no Senado de dois terços para uma condenação, o que significa que pelo menos 18 democratas teriam de votar a favor e que todos os republicanos o fizessem também.
Depois de a Câmara ter aprovado o afastamento de Mayorkas, o Senado será obrigado a pelo menos iniciar um julgamento. “Manobra política”
O presidente dos EUA condenou, entretanto, a decisão da Câmara dos Representantes, classificando-a como uma "manobra política".

Num comunicado divulgado após a votação, Joe Biden sublinhou que "a história não verá com bons olhos para os republicanos da Câmara pelo seu ato flagrante de partidarismo inconstitucional que visou um funcionário público honrado para fazer jogos políticos mesquinhos".

O principal democrata do Congresso também reagiu em comunicado após a votação, dizendo que se trata apenas de uma “disputa politica”.

“Para ser claro, este impeachment infundado não fará nada para proteger a fronteira – os republicanos admitiram isso”
, afimou Bennie G. Thompson.

“É claro que eles não têm a menor credibilidade em questões de segurança fronteiriça. Em vez de fornecer ao Departamento de Segurança Interna os recursos de que necessita ou de trabalhar em conjunto para uma solução bipartidária, rejeitaram qualquer solução pela única razão de que podem ter um problema político num ano eleitoral”.

Mayorkas, que também é imigrante nos Estados Unidos, enfrentou dois artigos de destituição, que alegavam que se tinha recusado "deliberada e sistematicamente" a aplicar as leis de imigração existentes e que violou a confiança pública ao mentir ao Congresso e ao dizer que a fronteira era segura.

Na semana passada, o secretário de Segurança Interna dos EUA disse à NBC que as alegações do Partido Republicano contra si eram "infundadas" e que não iria deixar-se distrair por isso.

"Estou concentrado no trabalho do Departamento de Segurança Interna. Sou inspirado todos os dias pelo trabalho notável que 216 mil homens e mulheres fazem no nosso departamento, em nome do povo norte-americano", declarou ainda.

Mayorkas passou a ser o segundo membro de uma administração na história dos EUA a sofrer uma destituição, depois do secretário da Guerra William Belknap em 1876. O impeachment de Mayorkas, o equivalente político de uma acusação, pode revelar-se uma vitória simbólica para os críticos republicanos, que tem tentado atacar o presidente democrata e os legisladores democratas pelo caos no sul do país.

A segurança das fronteiras é uma das questões centrais de campanha, com Donald Trump, o candidato republicano à nomeação presidencial, a insistir que vai lançar "a maior operação de deportação doméstica da história americana" se voltar para a Casa Branca.

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