Vulcão dos Capelinhos entrou em erupção há 67 anos. Veja as imagens

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Os relógios estavam prestes a bater nas 7h da manhã do dia 27 de setembro de 1957, quando a ilha do Faial, nos Açores, acordou para o primeiro dia de um pesadelo que viria a durar 13 meses.

O mar aparentemente calmo, da Ponta do Capelo, no extremo oeste da ilha,  entrava em estado de fúria, depois de 12 dias de pequenos sismos, com a lava a atingir temperaturas de mais de mil graus.

Do oceano Atlântico surgiam nuvens cinzentas e explosões que jorravam jatos de cinza. O barulho que brotava do interior deste era tão forte que chegou a ser ouvido por habitantes das ilhas do grupo Ocidental dos Açores (Flores e Corvo), a mais de 150 milhas náuticas de distância.

Quando o fenómeno chegou a terra, os rios de lava incandescente subiram de forma violenta, deixando muitos danos.

Há 67 anos, nascia assim o Vulcão dos Capelinhos, como foi, entretanto, chamado. Um vulcão tão "poderoso", como descreve quem o lembra nas redes sociais, que só deixou de estar ativo 13 meses depois, a 24 de outubro de 1958.

Durante todo este tempo, o céu esteve "sempre negro", recorda a comunicação social local. Os terrenos de cultivo ficaram cobertos de cinzas vulcânicas e as casas nas imediações acabaram por ser soterradas ou ruírem com a força dos tremores de terra provocados pelo vulcão.

Deu origem a um dos maiores fluxos migratórios dos Açores

Não houve mortos, mas os danos provocados na ilha (e o susto) deu origem a um dos maiores fluxos migratórios do arquipélago

Como consequência de muitas pessoas terem ficado desalojadas, surgiu a Lei dos Refugiados dos Açores, em 1958, e o então presidente norte-americano John F. Kennedy autorizou a emigração das pessoas afetadas. De acordo com os meios locais, estima-se que, nesta altura, 17 dos 30 mil habitantes tenham abandonado o Faial rumo aos EUA.

Uma das paisagens mais emblemáticas do arquipélago

Tal como recorda o site Azores Get Aways, o rasto de destruição deixado por esta erupção foi enorme, mas hoje é uma dos 'postais' mais emblemáticos dos Açores. 

Os 174 milhões de metros cúbicos de material emitido levaram à criação de uma paisagem nova e com características muito específicas, onde o verde deu lugar ao negro e o cone vulcânico atingiu uma altura de cerca de 160 metros.

O Faial viu ainda o seu território ser aumentado em 2,4 quilómetros quadrados, depois de um pequeno ilhéu que emergiu durante a erupção se ter unido, com a acumulação da lava, aos Capelinhos formando um istmo.

No local há agora, debaixo da terra para não interferir com a paisagem natural existente, o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, onde pode ficar a par de toda a história desta erupção da vulcânica.

"Não se pode excluir um cenário semelhante"

No passado mês de fevereiro, o Notícias ao Minuto esteve à conversa com Rita Carmo, geóloga, especialista em vulcanologia, do CIVISA e IVAR, que explicou a possibilidade de os Açores virem a sofrer uma nova erupção vulcânica como a dos Capelinhos.

A especialista recordou na altura que o arquipélago português "emerge da designada Plataforma dos Açores, área de batimetria pouco profunda, quando comparada com as regiões envolventes, e formada devido ao excesso de magmatismo potenciado pelo nosso enquadramento tectónico". Considerando, portanto, que "podem ocorrer erupções vulcânicas em qualquer zona, com exceção das consideradas extintas, não se podendo excluir a possibilidade de ocorrer um cenário semelhante à erupção dos Capelinhos, se ocorrer uma erupção nas proximidades de algumas das ilhas".

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