Washington adverte Telavive para risco de desastre caso avance ofensiva em Rafah

7 meses atrás 67

Os Estados Unidos advertiram hoje Israel para o risco de um desastre em Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza onde se concentram mais de um milhão de palestinianos, quando o Exército israelita prepara uma nova ofensiva.

"Ainda não temos qualquer evidência de planeamento sério para tal operação e realizar tal operação agora sem planeamento e sem pensar numa área onde um milhão de pessoas estão abrigadas, seria um desastre", destacou, em declarações aos jornalistas, o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel.

Patel sublinhou ainda que os Estados Unidos não apoiarão uma operação de tão grande escala, que representa um risco de perdas civis significativas, e lembrou que a passagem de Rafah é um ponto vital para a entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, que concluiu hoje uma viagem ao Médio Oriente com o objetivo de encorajar os esforços um cessar-fogo, aproveitou para transmitir a posição de Washington diretamente ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, detalhou ainda o porta-voz.

Também esta quarta-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que uma operação militar israelita em Rafah agravaria o "pesadelo humanitário" da população local, com "consequências regionais incalculáveis".

O Exército israelita intensificou hoje os seu ataques a Rafah, depois do primeiro-ministro ter revelado que ordenou preparativos para uma ofensiva naquela zona do país.

Entre edifícios apinhados de gente ou lojas espalhadas por todo o lado, cerca de 1,3 milhões de palestinianos `amontoados` em Rafah têm cada vez mais medo da possibilidade de uma ofensiva israelita contra a cidade, no extremo sul de Gaza e o único lugar no enclave onde Israel ainda não entrou por terra.

Israel matou o chefe da polícia de Gaza em Rafah -- sob controlo do Hamas -- e as crescentes hostilidades fazem com que muitos o interpretem como um passo preliminar para o início de uma ofensiva terrestre na área, na fronteira com o Egito.

Rafah, com cerca de 275 mil habitantes antes da guerra, quintuplicou a sua população com massas de pessoas deslocadas internamente que tiveram de sair do norte da Faixa e da própria Cidade de Gaza.

"Se houver uma operação militar em Rafah, a situação vai piorar devido à densidade populacional e de civis, haverá massacres", alertou à Efe Ahmed Rafiq Shahin, um palestiniano que, por enquanto, permanece na cidade, mas que tentará ir "para lugares mais seguros" no caso de uma ofensiva israelita.

Perante o desespero, muitos em Rafah estão a considerar se devem retirar-se para o centro da Faixa - onde há um grande número de deslocados e uma passagem aparentemente viável pela rota costeira -, ir para o Egito - embora a passagem seja um desafio - ou ficar na cidade em caso de ofensiva, realçou à Efe um dos habitantes, Mohamed Hafza.

A ofensiva de Israel provocou até ao momento mais de 27.800 mortos e 61.317 feridos na Faixa de Gaza, de acordo com dados do ministério da Saúde local controlado pelo Hamas.

No ataque do Hamas a território israelita em 07 de outubro foram mortas 1.140 pessoas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.

Ler artigo completo