A SEAT S.A. fez hoje a sua conferência anual e, além dos números de 2022, ficámos a saber mais sobre os destinos das marcas CUPRA e SEAT.
Qual o futuro da marca SEAT tem sido uma das perguntas mais repetidas dirigidas a Wayne Griffiths, o diretor executivo da SEAT S.A. nos últimos tempos. E hoje, durante a conferência anual da SEAT S.A., à qual a Razão Automóvel participou online, não foi diferente.
Isto porque tem sido a CUPRA a concentrar todas as atenções de Griffiths neste período de grande transformação de toda a indústria em direção à eletrificação total. E os resultados estão à vista.
Em 2022, as vendas da CUPRA quase que duplicaram, tendo subido 93%, para 153 mil unidades, o que contrasta com a performance da SEAT, cujas vendas desceram 41%, para as 232 700 unidades. Esta disparidade é justificada, em grande parte, pela prioridade dada à CUPRA na entrega de componentes chave como chips.
Os modelos da CUPRA garantem maior rentabilidade e a prioridade dada à jovem marca refletiu-se nos resultados da empresa. Depois de em 2021 ter tido prejuízos de 256 milhões de euros, a SEAT S.A. fechou 2022 com um lucro de 68 milhões de euros, apesar de ter vendido menos do que em 2021.
Se a performance comercial da CUPRA foi fundamental para estes resultados positivos, a redução dos custos operacionais de toda a empresa não lhe fica atrás.
A redução de custos pode ser medida, em parte, pela evolução do break-even (ponto onde se cruzam custos e receita) nos últimos 18 meses. Se antes a SEAT S.A. precisava de vender 48 mil unidades por mês para começar a ter lucro, esse valor é de agora 38 mil unidades por mês.
CUPRA elétrica, SEAT a combustão
O foco na CUPRA pode ser apreciado também pelos vários modelos já confirmados para os próximos dois anos: Tavascan, Terramar e Urban Rebel.
E a SEAT? De momento não há nada previsto. Wayne Griffiths justificou durante a conferência a ausência de novidades elétricas na SEAT com a impossibilidade de eletrificar as duas marcas, SEAT e CUPRA, em simultâneo. Por agora a prioridade é a CUPRA.
Griffiths realçou, por outro lado, a forma como as duas marcas se complementam, com a CUPRA focada cada vez mais na eletrificação, enquanto a SEAT deverá concentrar-se, por enquanto, nos modelos a combustão: “acho que a ideia de as duas marcas complementarem-se uma à outra estando no mercado ao mesmo tempo, particularmente durante esta fase de transição, faz muito sentido”.
Dito isso, o silêncio à volta de novidades automóveis para a SEAT é ensurdecedor. Os rumores de que a SEAT se tornará uma marca de micro-mobilidade a médio prazo, são cada vez mais certezas. Atentem às palavras de Griffiths:
“Estamos a trabalhar numa estratégia para a SEAT de micro-mobilidade para fazermos um modelo de quatro rodas e decisões sobre o futuro da eletrificação da SEAT (em termos de automóveis) será tomada numa data posterior.”
Wayne Griffiths, diretor executivo da SEAT S.A.Relembramos que a SEAT já está envolvida no segmento da micro-mobilidade, fazendo-se representar pela marca SEAT MÓ. A marca espanhola já comercializa a trotineta elétrica eKickScooter e a «acelera» elétrica eScooter, que já tivemos oportunidade de testar: