Werder Bremen-FC Porto: 30 anos de uma noite portista gloriosa (0-5)

6 meses atrás 78

Na noite de 30 de março de 1994, o FC Porto escreveu umas das mais belas páginas da sua história europeia. No Wesserstadion, em Bremen (Alemanha), milhares presenciaram in loco uma exibição segura, memorável e demolidora da esquadra portista, que vulgarizou o campeão alemão, com um inimaginável 0-5. As equipas portuguesas nunca tinham vencido na Alemanha e não é de admirar que o país e a Europa tivessem ficado boquiabertos com o score...

Pré-jogo

Disputava-se naquele dia a quinta jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, relativa à época de 1993/94. Antes do jogo dessa noite, em Bremen, os azuis e brancos contavam duas vitórias e dois empates nos quatro jogos já disputados, sabendo de antemão que precisavam de pontuar para continuar a sonhar com a presença nas meias-finais.

Os alemães tinham uma vitória, um empate e duas derrotas, uma delas por 3-2 nas Antas, e estavam obrigados a vencer na receção aos portugueses.

A missão não era fácil para os dragões, pois pela frente estava o campeão alemão. O Werder Bremen, comandado por Otto Rehhagel, ameaçava a hegemonia do Bayern e tinha uma equipa onde brilhavam o austríaco Andreas Herzog, o neozelandês Wynton Rufer, além de diversos internacionais germânicos, como Mario Basler e Marco Bode.

Um azar que veio por bem

O jogo começou mal para o FC Porto, com a lesão madrugadora de Paulinho Santos, o que não pressagiava nada de bom para o FC Porto. Para o seu lugar entrou Rui Filipe que, três minutos depois de entrar, desferiu um remate à entrada de área, desviado por Andree Wiedener, que traiu o desamparado Oliver Reck.

Os alemães reagiram e colocaram Vítor Baía por diversas vezes à prova, mas o número um portista, manteve-se seguro e inspirou a confiança dos colegas.

A sorte do jogo começou a mudar quando aos 35 minutos o sérvio Ljubinko Drulovic fez um passe magistral que isolou Emil Kostadinov. O búlgaro não teve dificuldades em bater Oliver Reck. Golo! 0-2! O FC Porto ia mais descansado para o intervalo.

Equipa prevenida... 

Bobby Robson sabia que os alemães nunca desistiam, ao intervalo lembrou os seus atletas do perigo de sofrer um golo no reatamento. Na primeira volta, nas Antas, o FC Porto vencia facilmente por 3-0 a menos de dez minutos do fim, mas um certo relaxamento deixou os alemães reduzirem para 3-2 e os dragões acabaram com o «credo na boca».

Mas mais do que o jogo da primeira volta, na memória de todos estava fabulosa a recuperação que o Werder Bremen operara contra o Anderlecht, na última partida que disputou em casa, na Liga dos Campeões. Nessa fria noite de Dezembro, o Werder Bremen regressou às cabines, a perder por 0-3. Contudo, na segunda parte, entre os 66 e os 89 minutos (somente 23 minutos!), apontou cinco golos que viraram por completo o jogo.

Segunda parte de sonho

Os de verde almejavam uma segunda parte de sonho, no entanto o que lhes aconteceu foi o pior pesadelo da sua história europeia. Aguerridos e solidários, os portistas aguentaram os ataques alemães e começaram a jogar com o relógio. O tempo corria do seu lado e os minutos foram passando...

A segunda parte avançou e o Werder Bremen começou a dar sinais de não conseguir dar a volta ao jogo. Foi então que Carlos Secretário pegou na bola, pela direita, tirou um defesa da frente e colocou o esférico com muita classe no fundo das redes de Oliver Reck. 0-3! E eis que, contra todos os prognósticos, Bobby Robson, que percebeu as debilidades alemãs, mandou a equipa continuar a atacar, enviando Domingos Paciência para dentro de campo, substituindo o exausto Emil Kostadinov. 

Dois minutos depois de entrar, a classe de Domingos Paciência veio ao de cima. O avançado recebeu a bola na esquerda, bailou em frente dos adversários na quina da área contrária e chutou de longe, com força e efeito, sem defesa possível para um desolado Oliver Reck.

Otto Rehhagel percebeu que o jogo estava perdido e que arriscava vir a ser severamente punido com uma goleada humilhante. Resolveu então jogar pelo seguro, retirando o desinspirado Wynton Rufer e colocando Manfred Bockenfeld, um defesa para ajudar a equilibrar a equipa.

O jogo acalmou, mas o placard não estava fechado e aos 89 minutos, na conversão de um pontapé de grande penalidade, Ion Timofte bateu Oliver Reck e estabeleceu o resultado final. O FC Porto passeou classe na Alemanha e garantiu a passagem às meias finais.

Uma noite gloriosa na história portista em jogos da UEFA: 30 de março de 1994. 

VÍDEO:

Naquela altura, antes de se chegar à fase de grupos (só com campeões e com apenas oito equipas), as equipas tinham de disputar duas eliminatórias e, assim, o FC Porto teve, como adversários, os malteses do Floriana (1ª eliminatória), que afastou com vitória caseira por 2-0 e empate fora (0-0) e os holandeses do Feyenoord (2ª eliminatória), que afastou com vitória nas Antas (1-0) e nulo na banheira de Roterdão.

Chegados à fase de grupos, os dragões iniciaram a prova da melhor maneira, vencendo, em casa, o WerderBremen (3-2). No entanto, depois perderam gás, sendo derrotados em San Siro, diante do Milan (0-3) e em Bruxelas, diante do Anderlecht (0-1), este último com o golo do desaire a surgir apenas a dois minutos do fim pelo inevitável Luc Nilis.

Assim sendo, a equipa portuguesa estava sobre enorme pressão no início da segunda volta, sendo obrigada a, pelo menos, conquistar sete pontos para estar segura da qualificação. Na quarta jornada, tudo começou bem, pois o FC Porto recebeu e venceu o Anderlecht por 2-0, seguindo-se, assim, a difícil e decisiva deslocação a Bremen.

Na Alemanha, para a quinta jornada, o FC Porto fez, provavelmente, a melhor exibição da época. Com um futebol rápido e envolvente e uma eficácia impressionante, os golos foram-se sucedendo na baliza de Oliver Reck, que mal podia acreditar no que lhe estava a acontecer.

Rui Filipe, Kostadinov, Timofte, Domingos e Secretário fizeram os golos de uma goleada impressionante por cinco bolas a zero e que colocava o FC Porto com possibilidades, inclusivamente, de vencer o grupo e evitar o Barcelona nas meias-finai

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