Para o Benfica, a noite começou mal - com um golo sofrido aos 22 segundos -, mas acabou bem - com uma goleada imposta ao Santa Clara (4-1), na quinta jornada da Liga Portugal Betclic. Destaque para os turcos: Kerem Aktürkoglu estreoou-se e logo com um golo, Orkun Kökçü fez um bis de assistências.
O Kok-se passou?
Nem pareceu o mesmo: aquele Kokçu com qualidade reconhecida, mas por vezes escondida. Pelo menos, era assim com Roger Schmidt. Com Bruno Lage, a música parece ser outra. Mais liberto das amarras defensivas - essas quase exclusivamente a cargo de Florentino -, o médio jogou mais subido no terreno e teve mais influência na manobra ofensiva das águias. Entrosou-se bem com o trio da frente, chegou com qualidade à área, mostrou um critério ímpar e assistiu, por duas ocasiões. Uma versão de Kokçu que raramente havia sido avistada, mais preponderante e alegre.
Ficaram enfeitiçados, Harry!
Veio da Turquia com a fama de Harry Potter. O jovem deslumbrou Hogwarts com os seus feitiços; o turco encantou a Luz com a sua exibição. Bastaram 73 minutos para ter a exigente plateia da Luz rendida a Aktürkoglu. Foi solidário no processo defensivo e tentou estar em todo o lado: não encantou só por existir, esforçou-se para isso. No momento ofensivo, mostrou ter uma qualidade intrínseca com a bola nos pés; coroou a boa estreia com um belo golo que surgiu num momento de dúvida e veio dissipar eventuais incertezas: na Luz, com adeptos galvanizados, manda o Benfica.
Ímpar-sionante!
Absolutamente diferenciado. Não há jogador no Benfica e no país - acrescentar «no mundo» pode ser demasiado, mas não seria um exagero irracional - com as características do argentino. Aquele pé esquerdo sabe tudo sobre o jogo; é solidário, requintado e mágico. Fez uma «meia assistência» para o segundo golo e rubricou a exibição com um golo clássico, bem à imagem de Di María.
Vaivém Bah
O pulmão de Bah não é novidade. Tem condições para fazer todo o corredor, ser seguro atrás e opção à frente; foi o que fez. Secou Gabriel Silva no corredor - quiçá, membro mais irreverente dos açorianos - e disponibilizou-se no ataque. Adicionou uma assistência ao currículo: bola perfeita para Di María, daquelas que lança o colega e provoca dúvidas no adversário. Bela exibição!
O rosto do susto
Marcar na casa de um grande não é para qualquer um. Muito menos, marcar antes dos 30 segundos (!) de jogo. Vinícius Lopes, após um entusiasmante ambiente pré-jogo na Luz, gelou 60 mil pessoas. Chapéu com conta, peso e medida. Depois, deu-se ao jogo e foi o foco de algumas saídas açorianas. Antes de sair, aos 45+3', esticou um passe de Gabriel Silva e serviu-o para atirar ao poste, num lance que podia ter dado o empate em cima do intervalo.
Âncora enquanto deu
Fez o - grande - passe para o primeiro golo da noite, mas esse nem foi o ponto alto da exibição do defesa brasileiro. Contra um Benfica que passou grande parte do tempo a encostar o Santa Clara às cordas, Sidney foi o porto seguro da equipa. Tranquilo com bola e impressionante sem ela, a cortar e a intercetar vários lances, muitos deles decisivos e que, sem a presença do defesa, provavelmente resultariam em golo.
Em inferioridade complica-se
Adriano Firmino tem vindo a realizar uma época positiva e, com Pedro Ferreira, faz uma dupla a ter em conta. Contudo, neste encontro, com o Benfica a colocar três homens no miolo, o meio-campo açoriano mostrou dificuldades. Adriano perdeu a posse em várias ocasiões e não deu a confiança nos duelos que o Santa Clara necessitava. Exibição menos feliz.
Trabalho ingrato, desfecho infeliz
Defrontar um grande é sempre complicado, sobretudo para um ponta-de-lança. Ou marca e é herói - mais raro -, ou, com menos posse e menos oportunidades, é «comido» pelos defesas contrários e passa ao lado do jogo. Foi o que aconteceu com Safira. Jogou longe da baliza de Trubin, perdeu alguns duelos e, por isso, passou algo ao lado do jogo.