XTB avalia positivamente a fusão do BBVA e Sabadell

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A XTB revela que, com esta operação, o BBVA recupera a primeira posição por volume de ativos em Espanha, um dos seus principais mercados e um dos que mais cresceu nos seus últimos resultados.

O BBVA entrou em contacto com o Banco Sabadell para explorar uma possível fusão. Esta união poderá tornar-se numa das maiores fusões bancárias dos últimos anos na Europa.

Os analistas da corretora XTB dizem que “avaliamos positivamente a operação, o atraso na descida das taxas de juro vai permitir que o banco continue a aumentar os seus lucros e uma forma de continuar a manter o atual nível de rendimentos sem depender das taxas de juro, assim diversificando os seus rendimentos e aumentando a sua dimensão”.

A XTB revela que, com esta operação, o BBVA recupera a primeira posição por volume de ativos em Espanha, um dos seus principais mercados e um dos que mais cresceu nos seus últimos resultados.

Para perceber a dimensão da operação, é preciso ter em conta que o BBVA tem uma capitalização bolsista de cerca de 60 mil milhões de euros, ao passo que o Sabadell tem um valor de mercado de cerca de 10 mil milhões de euros. São ambos bancos cotados.

As ações do Sabadell subiram até próximo dos 8% com a notícia, enquanto as do BBVA caíram 8.5% na bolsa de Madrid.

“Por cá, o mercado bancário tem estado forte também, em especial no caso do BCP que tem demonstrado um crescimento sustentado e esta situação pode não ser vantajosa já que o BBVA tem presença em Portugal e pode aumentar as suas operações em termos de concorrência”, revelam os analistas da XTB.

Estas negociações em Espanha surgem numa altura em que alguns bancos espanhóis registam receitas recorde após uma década de reestruturação. Hoje, o Banco Santander registou um aumento de 10% nas suas receitas do primeiro trimestre, enquanto o BBVA aumentou a sua previsão de lucros para o ano inteiro na segunda-feira. Os lucros do grupo financeiro espanhol Santander alcançaram os 11.076 milhões de euros em 2023, um valor recorde e 15% superior ao de 2022. Já o O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) aumentou os lucros do primeiro trimestre em 19% para 2,2 mil milhões de euros.

A XTB considera que esta operação, a concretizar-se, pode também constituir uma oportunidade para o Sabadell, que recentemente manifestou interesse numa eventual operação de capitalização com o Unicaja.

O BBVA contratou advisors e comunicou ao presidente do Sabadell o seu interesse em “iniciar negociações para explorar uma potencial fusão entre as duas entidades”, tal como foi referido, na terça-feira, num documento publicado pela Comissão Nacional do Mercado de Valores.

Recorde-se que os dois bancos mantiveram breves conversações em 2020 sobre uma fusão baseada apenas em trocas de ações, mas as conversações fracassaram devido a desacordos sobre a avaliação.

“Na altura, o BBVA queria aproveitar a má situação que a entidade catalã estava a atravessar, acusada de ter uma rede comercial envelhecida, falta de digitalização, muita exposição ao crédito às PME e uma filial britânica em perdas”, lembram os analistas da XTB.

Na altura em que as negociações fracassaram, o Sabadell estava a enfrentar problemas generalizados com a sua filial britânica TSB, que, entretanto, conseguiu recuperar.

Desde então a situação mudou muito, explica a corretora, que acrescenta que a exposição ao crédito empresarial tornou-se um ponto forte com o aumento das margens de juro, levou a cabo vários programas de redução de custos e a sua filial britânica é agora rentável, acrescenta a XTB.

O Sabadell foi durante muito tempo considerado um alvo de aquisição pelos seus três grandes rivais espanhóis – Santander, CaixaBank e BBVA – ou um consolidador de entidades mais pequenas no país, como a Unicaja.

“Os bancos viram como o aumento das taxas de juro lhes permitiu aumentar significativamente os seus lucros. Dada a dificuldade de crescer de forma orgânica, a maioria das entidades optou por proporcionar valor aos acionistas através do pagamento de dividendos ou de programas de recompra de ações”, defende a XTB.

“Embora a curto prazo seja positivo para a empresa, em certo sentido, também mostra a dificuldade de continuar a crescer”, acrescenta a corretora.

“Assim, quando as taxas de juro começarem a descer e as margens de juro voltarem a diminuir, será difícil para os bancos voltarem aos níveis de lucro atuais, uma vez que não investiram os lucros excedentários para continuar a crescer noutras áreas ou países, face a um setor em consolidação e com alta concorrência”, referem os analistas.

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