República Democrática do Congo tem novas provas sobre “minerais de sangue” da Apple

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Escritório de advogados Amsterdam & Partners, que representa o governo de Kinshasa, recebeu novas informações sobre a alegada compra de minerais extraídos em zonas de conflito do país pela fabricante do iPhone.

Um grupo de advogados internacionais, em representação do governo da República Democrática do Congo (RDC), fez saber, esta quarta-feira, que recolheu novas provas sobre a alegada compra por parte da Apple de minerais extraídos em áreas de conflito no leste do país.

“Nas últimas semanas, desde a publicação do relatório “Blood Minerals” da Amsterdam & Partners, recebemos novas provas dos denunciantes [whistleblowers]. É mais urgente do que nunca que a Apple dê respostas concretas às questões muito sérias que colocámos, enquanto avaliamos as nossas opções legais”, afirmou Robert Amsterdam, citado em nota de imprensa.

No dia 25 de abril, o escritório de advogados sediado em Londres divulgou um relatório no qual expõe que a Apple e outras tecnológicas têm recorrido a estanho, tungsténio, tântalo e ouro (minerais 3TG) extraídos no Congo por várias empresas e grupos armados através do Ruanda, Uganda e Burundi.

Um dias antes, o CEO da Apple, Tim Cook, recebia do escritório um conjunto de questões sobre a cadeia de abastecimento naquele país, baseadas em preocupações que se têm arrastado há vários anos e que a empresa já havia esclarecido. Esses esclarecimentos voltam, agora, a ser questionados. com um prazo de resposta de três semanas.

O escritório tem vindo a investigar denúncias sobre o alegado tráfico de minerais extraídos no Congo por várias empresas e grupos armados através do Ruanda, Uganda e Burundi.

“Embora a Apple tenha afirmado que verifica as origens dos minerais que utiliza para fabricar os seus produtos, essas afirmações não parecem basear-se em provas concretas e verificáveis. Os olhos do mundo estão bem fechados: A produção ruandesa dos principais minerais 3T é quase nula e, no entanto, as grandes empresas de tecnologia afirmam que os seus minerais são obtidos no Ruanda”, referiu o advogado Robert Amsterdam, citado no mesmo comunicado.

O escritório de advogados Amsterdam & Partners LLP tem estado a investigar denúncias sobre o alegado tráfico de minerais extraídos no Congo por várias empresas e grupos armados através do Ruanda, Uganda e Burundi..

Liderado por Robert Amsterdam, da Amsterdam & Partners LLP, em Washington DC, e William Bourdon, da Bourdon & Associés, em Paris, o grupo da advogados escreveu também às filiais da Apple em França, exigindo respostas da gigante tecnológica no prazo de três semanas.

Em comunicado, o escritório de advogados diz que “o gigante da tecnologia permaneceu em silêncio, não respondeu nem acusou a receção das perguntas”, quatro semanas depois de a missiva ter sido enviada.

A hipótese de compra ou acesso a minerais primários destas regiões foi rejeitada pela Apple no passado, mas as novas informações obrigam a Apple a pronunciar-se novamente sobre as suspeitas. De acordo com a fabricante do iPhone, os fornecedores são submetidos a auditorias nesse sentido há vários anos.

Num relatório do ano passado, acrescenta a ‘Reuters’, a tecnológica esclareceu que todas as fundições e refinarias identificadas na cadeia de abastecimento de todos os produtos Apple, fabricados em 2023, tinham participado numa auditoria independente de minerais 3T, e ouro (3TG).

Em declarações à ‘Reuters’, o advogado da Amsterdam & Partners LLP, Peter Sahlas, revelou que algumas pessoas que trabalharam na verificação da cadeia da Apple na RDC denunciaram que os seus contratos foram rescindidos, após terem levantado preocupações sobre a existência de “minerais de sangue” na cadeia de abastecimento da empresa.

“Estamos a contactar estas pessoas e a avaliar as suas provas. Teremos mais a dizer quando tivermos concluído verificações sólidas”, respondeu Sahlas.

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