Mais saturados, portugueses são dos que mais evitam notícias

1 semana atrás 44

Os portugueses estão mais saturados com notícias e são dos países que mais evitam notícias na Europa. A edição de 2024 do Digital News Report mostra um aumento dos dois indicadores face a 2023, que é acentuado no caso da saturação de notícias.

O relatório anual do Reuters Institute for the Study of Journalism aponta que 37% dos portugueses evitam ativamente notícias com frequência, face aos 35% registados no estudo de 2023.

A nível europeu, Portugal é o quarto país onde mais se evitam ativamente notícias, ficando atrás do Reino Unido (46%), Irlanda (44%) e França (39%). Quem mais evita notícias são as mulheres, as pessoas com menor escolarização e com menores rendimentos.

Os investigadores responsáveis pela produção do relatório português, do OberCom (Observatório da Comunicação), relacionam o fenómeno de evitação de notícias com “dinâmicas de satisfação”, isto é, “um mecanismo ativado quando as pessoas se sentem suficientemente informadas”.

Ao mesmo tempo, 51% dos inquiridos portugueses para o relatório de 2024 dizem-se saturados “com a quantidade de notícias que há hoje em dia”. O número representa um aumento drástico de 9 pontos percentuais face ao valor de 2023.

Portugal é um dos mercados "onde menos se paga" por notícias "online"

A mesma proporção de inquiridos diz ter interesse por notícias, e apenas 10% se mostram não interessados. Quem tem mais interesse são os portugueses mais velhos, com maior escolaridade e rendimentos, mas também os que têm uma orientação política definida.

Quanto aos temas das notícias, as que recolhem maior interesse são as de política, assuntos locais e saúde mental, e as que recolhem menos interesse entre os portugueses, diz o relatório, são os temas de entretenimento e celebridades, “lifestyle”, cultura e humor.

Portugal continua a ser dos países onde há mais confiança nas notícias, apesar de ter caído para o 6.º lugar em 47 países depois de nove anos entre o 2.º e 3.º lugares. Mas isso não se traduz em pagar por notícias.

O relatório aponta que “Portugal continua a destacar-se como um dos países onde menos se paga por notícias em formato digital” - só 12% dos inquiridos diz ter pagado notícias em 2023. A média de todos os países no relatório é de 17%, já desde 2017.

Televisão continua a preferida dos mais velhos

A internet continua a ser o meio mais usado para consumir notícias, com 72% dos inquiridos a recorrerem a meios online. A televisão é usada por 67% dos portugueses como principal fonte de informação, 44% usam as redes sociais, 30% utilizam a rádio e 19% informam-se principalmente através da imprensa.

Contudo, os consumos não são transversais, já que a televisão é a principal fonte de notícias de 68% dos portugueses com 65 anos ou mais, mas apenas o é para 31% dos jovens entre os 18 e os 24 anos de idade.

Apesar da internet ser o meio mais usado para aceder a notícias, Portugal está abaixo do resto do mundo no acesso direto aos sites de notícias - só 16% dos portugueses fazem-no. Em vez disso, prefere-se usar os motores de busca (29%), e as notificações móveis "têm uma expressão de mercado substancialmente maior do que na amostra global (17% face a 9%)".

O WhatsApp ultrapassou o Facebook como rede social mais utilizada em Portugal, sendo seguida do YouTube, Instagram e Messenger. O famoso e omnipresente TikTok é utilizado por 22% dos portugueses. Mas o Facebook continua a ser preferido para ler notícias, enquanto a rede social X (antigo Twitter) é usada apenas por 6% dos inquiridos portugueses para consumo de informação.

O Digital News Report, da responsabilidade do Reuters Institute for the Study of Journalism, foi elaborado com base em inquéritos a 95 mil pessoas de 47 países. O relatório sobre Portugal é da responsabilidade do OberCom - Observatório da Comunicação, e tem por base 2012 inquéritos realizados em janeiro de 2024.

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