137 jogos em Portugal e «paixão» pela Red Bull: «Na Áustria, todos gostam do Salzburg»

Markus Berger, ex-central da Académica, Gil Vicente e Tondela, viveu sete anos em Portugal - «o melhor período da carreira» -, mas foi em Salzburgo onde deu os primeiros (e últimos) passos no futebol.

Formado no Red Bull Salzburg, o ex-jogador de 38 anos realizou um total de 137 partidas em Portugal e terminou a carreira no Salzburger AK - clube também localizado em Salzburgo.

A propósito do jogo decisivo entre Benfica e Salzburgo, o zerozero 'sentou-se à mesa' com o austríaco mais português da Primeira Liga e seguiu-se uma conversa muito descontraída, sendo o Salzburg - evidentemente - o tema central.

Assim, Berger - em muito bom português -, recordou, ao nosso portal, o passado em Portugal e deslindou alguns segredos sobre o monstro austríaco.

«Vejo sempre o campeonato português»

Nostálgico, Berger começou por lembrar o «melhor período da carreira» e ainda comentou o estado atual da «sua» Académica.

«Em Portugal vivi, muito provavelmente, a minha melhor fase da carreira e experiência no futebol», começou por dizer o austríaco que conta com mais minutos na Liga Portuguesa [n.d.r: veja aqui os restantes austríacos que atuaram no primeiro escalão luso].

«Vejo sempre o campeonato português. Quando se joga lá tanto tempo, nunca se esquece», prosseguiu abordando a queda da Académica para a Liga 3.

«É muito estranho mesmo. Eu conheço ainda tantas pessoas que trabalham lá... É muito triste. Espero que um dia consigam dar a volta. Não sei quando, mas eles merecem estar na Primeira Liga», referiu o ex-jogador que realizou, no total, 90 jogos ao serviço da briosa.

Atento ao futebol luso - e ao Benfica -, o ex-atleta lançou o jogo e referiu os jogadores encarnados mais apreciados na Áustria.

«Eu acho que o Benfica tem uma equipa bem mais experiente do que o Salzburg. Acima de tudo, têm alguns jogadores 'especiais' que o Red Bull não tem, como por exemplo o Di María ou o Otamendi. Aqui, falamos muito deles. Mas, claro, também se fala muito dos mais jovens como o António Silva e o João Neves. Os austríacos adoram ver os talentos jovens», concluiu.

«Red Bull Salzburg é um orgulho para nós»

Formado no Red Bull Salzburg, Berger analisou a época atual do decacampeão austríaco e revelou um ponto forte a ter em conta pelo Benfica: «intensidade».

«Esta época está a ser mais difícil do que as épocas anteriores. Eles venderam - como fazem todos os anos - muitos jogadores e penso que não têm uma equipa assim tão forte. Ainda assim, é uma equipa muito boa e cheia de talentos. Na Luz, por exemplo, jogaram com a equipa mais jovem sempre da Champions», referiu enumerando alguns jogadores de «grande qualidade».

«Roko Simic [n.d.r: veja aqui o perfil do jogador], Solet - que eu adoro -, Konaté, mas o maior ponto forte é o coletivo.»

«Eles são muito capazes enquanto equipa: pressionam muito alto e equipas grandes - como o Inter, por exemplo - ficam surpreendidos com a intensidade do Salzburg», explicou.

Campeão por 14 vezes nas últimas 17 temporadas, o Salzburg tem sido um Golias muito complicado de travar e muito se deve à parceria com a Red Bull, que «destruiu» o antigo Austria Salzburg e modificou, quase por completo, a identidade do clube.

Sobre a Red Bull [n.d.r: pode ler mais sobre a influência da parceria no clube AQUI], Markus Berger, questionado se os restantes clubes - e os austríacos, cômputo geral - foram contra o «projeto Red Bull Salzburg», respondeu de forma perentória: «Não.»

«Aqui é o oposto da Alemanha [n.d.r: Berger refere-se ao Leipzig, «o clube mais odiado da Alemanha»]. Na Áustria, todos gostam do Red Bull Salzburg. Ainda para mais, foi o nosso selecionador - Ralf Rangnick - que, com a Red Bull, começou praticamente tudo. Inclusive, a seleção qualificou-se para o Europeu e ele teve um grande papel nisso também. O Red Bull Salzburg é um orgulho para nós. Temos bons resultados, seja na Champions ou no campeonato», rematou.