25 de Abril. DGLAB abre bolsas e cria "biblioteca humana" da revolução

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Entre outros projetos, está também a criação de uma "biblioteca humana do 25 de Abril", com testemunhos sobre a revolução.

Em entrevista à agência Lusa, o subdiretor-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, Bruno Eiras, disse que este é um projeto "em articulação com a Estrutura de Missão para as Comemorações do 50.º Aniversário da Revolução de 25 de Abril, que dá apoio no âmbito da seleção das linhas temáticas e na escolha do júri", que será lançado "ainda este mês ou em abril".

O investimento da DGLAB para estas oito bolsas semestrais, para a área de Ensaio, é de 60.000 euros, que se destinam a cidadãos portugueses.

O responsável assinalou "a grande produção e os muitos trabalhos sobre assuntos relacionados com o 25 de Abril, como o colonialismo, ou a democracia", e visa "estimular novas abordagens sobre os temas associados ao 25 de Abril".

No âmbito das comemorações abrilinas, a DGLAB quer dinamizar as 438 bibliotecas públicas, "uma das conquistas do 25 de Abril de 1974", instaladas em 251 municípios, promovendo diferentes projetos.

Um deles é a constituição de uma "biblioteca humana do 25 de Abril", também com o apoio da comissão para as comemorações, e tendo em conta que as bibliotecas são um elemento de proximidade com as comunidades.

Este projeto pretende gravar testemunhos sobre o 25 de Abril, de cidadãos maiores de 65 anos, e depoimentos de um jovem com mais de 15 anos, sobre a importância que revolução tem e que impactos teve.

Estes depoimentos serão gravados e posteriormente disponibilizados na conta da DGLAB na rede social Youtube. Será também criado um mapa de georreferenciação.

Um segundo projeto, envolve diretamente os bibliotecários, a quem foi pedido que selecionassem um livro das suas bibliotecas, para adultos e outro para crianças, sobre o 25 de Abril, sendo assim criadas duas listas de livros que podem ser consultados por quem quiser conhecer melhor e aprofundar as questões relacionadas com a revolução.

Este projeto visa ainda "rentabilizar o empréstimo domiciliário gratuito, e maximizarmos o acesso à informação, da liberdade, da democracia", sublinhou Bruno Eiras.

Aos cerca de 100 grupos de leitura que existem em todo o país, a DGLAB lançou o desafio de dedicarem, durante este ano ou no próximo, "algumas sessões à discussão, ao debate e à análise, em torno de obras associadas ao 25 de Abril".

"Tivemos o cuidado, tal como nas bolsas, de não centrar apenas no 25 de Abril enquanto data, mas que fosse possível explorar também os temas que estão relacionados".

Está ainda previsto "um trabalho rotineiro" que visa compreender o tipo de trabalho em que as bibliotecas públicas se envolveram, na promoção e na divulgação destas celebrações.

"Em paralelo pedimos que nos enviassem registos -- fotografias das atividades e os respetivos cartazes -, porque muitas vezes estas atividades são episódicas, acontecem num contexto específico, e perdemos a memória". Deste modo ficam em arquivo para memória futura na DGLAB que os disponibilizará na Internet através das redes sociais, como a Flicker.

Este tipo de trabalho foi desenvolvido, por exemplo, no contexto da pandemia de covid-19, registada entre 2020 e 2021.

Este ano assinalam-se os 50 anos da Revolução de Abril, movimento liderado por militares que colocou fim a um regime autocrático que vigorava desde 1926, agravado pela Constituição de 1933 que impôs a ditadura do Estado Novo, com o seu partido único e a restrição das liberdades cívicas.

O Movimento das Forças Armadas tinha como prioritária a "política dos três D" - Democratizar, Descolonizar, Desenvolver -, que levou à Constituição da República, aprovada pela Assembleia Constituinte em 1976, depois de realizadas as primeiras eleições democráticas em cerca de 50 anos, as primeiras no país de voto universal.

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