70 anos de Coexistência Pacífica

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Engajar a China constitui um dos grandes desafios atuais. O gigante asiático, que até há pouco tempo era um país relativamente atrasado, surpreendeu na rapidez com que atingiu novos patamares de desenvolvimento, crescimento econômico e influência global. Desde o início do processo de Reforma e Abertura, iniciada por Deng Xiaoping, em 1978, a China tem sido um enigma no sistema internacional, com diferentes estratégias para lidar com os desafios impostos por uma nova ordem mundial, com a mudança do centro econômico do mundo para a Ásia.

Há 70 anos, em 1954, a China apresentou os Cinco Princípios de Coexistência Pacífica, que têm norteado a sua polícia externa e atuação global. Os princípios – respeito mútuo pela integridade territorial e soberania, não agressão, não interferência nos assuntos internos alheios, igualdade e benefício mútuo e coexistência pacífica – têm sido amplamente reconhecidos pela comunidade internacional e crescem em importância à medida que a China ascende globalmente até mesmo para determinar qual será o comportamento da China internacionalmente.

Num mundo conturbado como o atual, tais Princípios assumem importância cada vez maior. A atuação do Ocidente, responsável por muitos dos problemas geopolíticos que enfrentamos – terrorismo, migração massiva e instabilidade enfrentada por estruturas coloniais do passado – precisa ser substituída por novos paradigmas que reflitam uma nova realidade e não uma subserviência a um passado colonial.

É interessante observar como a China, em seu processo de consolidar vitalidade e relevância, tem-se recusado a tomar o caminho da hegemonia. Em sua ação global, notamos uma China que tem buscado, através da paz e segurança, solidificar-se para atuar construtivamente em crises como Ucrânia, Gaza, e em outras partes do mundo.

Para um Ocidente acostumado a guerras contínuas, a proposta chinesa oferece uma perspectiva pacífica. O desenvolvimento requer uma reforma importante na abertura institucional das organizações multilaterais, redução de barreiras e muros, e o fim de estratégias que, porventura, reduzam a globalização. Se alguns dos problemas globais agora pesam no cenário eleitoral europeu e norte-americano, a realidade é que legados do passado têm-se tornado cada vez mais pesados.

A Coexistência Pacífica apregoada pelos chineses é uma recordação de que – embora não tão novos – há outros caminhos a serem explorados.

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