"A dignidade humana" aos olhos do Vaticano defende direitos LGBT+ e condena o aborto

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O documento, com cerca de 20 páginas e aprovado pelo papa Francisco, tem como título “Dignitas infinita” (“Uma dignidade infinita”) e para muitos analistas o texto será uma forma de sanar as divisões internas da Igreja, quatro meses depois da polémica suscitada pela abertura das bênçãos de casais homossexuais. Polémica que agitou particularmente o campo conservador do Vaticano.

No documento estão os temas-chave do pontificado de Jorge Bergoglio: a guerra, os direitos dos migrantes, a pobreza, a ecologia ou a justiça social, por exemplo. Tudo o que á está escrito resulta de cinco anos de trabalho do Dicastério para a Doutrina da Fé.

A gestação de substituição (barriga de aluguer) é descrita no texto como estando “em total contradição com a dignidade fundamental de cada ser humano”. 

Quanto à interrupção voluntária da gravidez, o Vaticano vê no aborto “uma crise muito perigosa do sentido moral” na “aceitação do aborto nas mentalidades, na moral e na própria lei”.

É também a primeira vez que, de uma forma clara, o Vaticano critica a “ideologia de género”, ao sublinhar que “qualquer procedimento de redesignação sexual corre o risco, regra geral, de ameaçar a dignidade única que uma pessoa recebeu desde o momento da conceção”.

Se, por um lado, estas questões são alvo de condenação, o Vaticano defende e recorda o respeito das pessoas LGBT+. O documento denuncia “o facto de, em certos lugares, muitas pessoas serem presas, torturadas e até privadas do bem da vida apenas por causa da sua orientação sexual”.

Quanto à violência contra as mulheres, num extenso parágrafo, pode ler-se que ”o feminicídio nunca será suficientemente condenado”.

Desde 2013, ano da eleição do papa, Francisco tem insistido na importância de uma Igreja aberta a todos, incluindo os fiéis LGBT+. Ações e palavras que têm encontrado muita resistência no Vaticano.
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