Já esgotou grandes palcos do país, como o Tivoli, o Coliseu de Lisboa e o Coliseu do Porto. Em 2023, foi o musico mais ouvido em Portugal no Spotify. T-Rex venceu, mas sabe que é uma exceção. “Viemos de bairros com poucas oportunidades, pouca inclusão, sempre com a mentalidade de que a maior parte dos sonhos é impossível para nós.”
Em entrevista à SIC Notícias, o músico, que cresceu em Monte Abraão, no Conselho de Sintra, falou sobre a realidade da comunidade negra e dos bairros sociais em Portugal, bem como a relação destes territórios com a polícia, temas que voltaram a ser debatidos depois da onda de violência gerada pela morte de Odair Moniz na Cova da Moura.
“Falo por experiência própria, às vezes a visão que temos da polícia não é de segurança. Mesmo em tenra idade, a abordagem [policial] não é tão segura. Já crescemos um pouco traumatizados, o que desequilibra a relação entre polícia e comunidade”, diz T-Rex, que tem músicas sobre o tema.
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Segundo o que leu e ouviu sobre o tema, o música considera que o agente da PSP que baleou Odair Moniz "falhou como autoridade e como humano", mas compreende o caso como parte de um problema maior.
“O negro tem muitos traumas, vivemos com muitos traumas, que nos fazem ficar para trás e não acreditar que os sonhos são possíveis.”
“O pessoal do bairro fica no bairro”
Questionado sobre como superou as adversidades para construir uma carreira de sucesso, T-Rex garante que conhecer pessoas de outras realidades foi um fator fundamental. No entanto, sair da bolha “no bairro é muito complicado”.
“Devido à segregação que há, o pessoal do bairro fica no bairro e o pessoal que é um pouco mais abastado, que é de outras classes sociais, vive afastado.”
Nos últimos dias, marcados por tumultos e desacatos em vários bairros de Lisboa, T-Rex percebeu nos jovens algo que o preocupa: “Vi, pessoalmente, crianças já a falarem do assunto, que se calhar não percebem tanto do assunto, e que já estão revoltadas.”
“A dor deles é a minha dor. Eu pertenço à comunidade negra e sou oriundo de um bairro social. Estou aqui com a minha voz para ajudar no que for preciso, garante o músico, que apelo ao fim de ”atos de violência que nos afastem do principal".