A frágil redoma europeia

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A Comissão Europeia anunciou que, a partir de julho, irá aumentar as taxas alfandegárias que incidem sobre veículos elétricos com baterias chinesas, podendo, no limite, introduzir subidas de 21 para 38% nestes impostos. A justificação para esta atuação são as subvenções concedidas pelo Governo chinês aos fabricantes de automóveis.

A resposta da China, sugerindo que as alterações poderiam originar uma guerra comercial, levaram a UE a suavizar a sua posição, dizendo-se disponível para encontrar uma solução conjunta.

As medidas europeias sucedem-se à dos Estados Unidos que, em maio passado, anunciaram uma subida das tarifas sobre veículos elétricos de 25 para 100% e um total de impostos sobre importações de 18 mil milhões de dólares.

Nada disto, no entanto, sabe a novo. Durante a sua presidência, Donald Trump foi insistindo na necessidade de os EUA introduzirem novas barreiras e tarifas aduaneiras para se protegerem das “práticas comerciais desleais” chinesas. E a forma recente e mais acabada de protecionismo americano foi posta em prática por Joe Biden através do Inflation Reduction Act.

Ainda a UE tem vindo ainda a desenvolver este tipo de combate noutras frentes. Recentemente, os fabricantes europeus queixaram-se do preço mais baixo das turbinas eólicas chinesas, acusando os chineses de praticarem dumping. E esta semana o ataque voltou-se para a Apple que não estará a cumprir o Digital Market Act, estando ameaçada com uma multa que pode chegar a 10% da sua receita global.

O protecionismo está de volta. É praticado pela China, pelos Estados Unidos e pela Europa. E faz parte do ambiente belicista que se vai instalando de forma mais ou menos generalizada. Só que as opções europeias esbarram nas suas contradições e fragilidades.

A um primeiro nível, quão viável será o European Green Deal sem a cooperação com a China? Não é evidente que a Europa consiga mobilizar de per si os recursos necessários para a transição verde, onde os veículos elétricos serão decisivos.

A outro nível, qual será o impacto sobre os consumidores europeus de impedir a importação de veículos elétricos da China? Decerto não se pretende passar a ideia de que os consumidores sairão prejudicados para impedirem o colapso dos produtores europeus.

Mas os tempos são de discursos de conflito, ainda que o resultado evidente sejam perdas de parte a parte. Infelizmente, sem fim à vista.

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