A hipnose da Magia Tricolor

O Estrela da Amadora reencontrou o caminho dos três pontos, diante do Portimonense (3-0), colocando um ponto final numa série bastante negativa. O embate ficou marcado por erros individuais, bem como um primeiro tempo de sentido único.

Sérgio Vieira, técnico da turma da Reboleira, cansado da tempestade exibicional, promoveu duas alterações. Após sete jornadas sem conhecer o sabor da vitória, o técnico decidiu apostar no extremo Régis Ndo, em detrimento de Kikas. Para além disso, o técnico de 41 anos voltou a contar com Kialonda Gaspar, um dos principais esteios da respetiva defensiva. O central regressou do CAN, onde foi pilar na campanha histórica de Angola na competição.

Já os alvinegros entraram em campo com uma disposição diferente do habitual, pelo menos no paradigma defensivo. Paulo Sérgio optou por uma linha de cinco defesas, de forma a tentar segurar as incursões adversárias pela zona central. Como tal, existiram inúmeras mudanças nos atletas selecionados, com Igor Formiga, Alemão, Gonçalo Costa, Dener e Hélio Varela a integrarem as escolhas iniciais.

Uma avalanche ofensiva que arrastou Nakamura

Se num canto as novas peças surtiram resultado, no outro, a poção ficou longe de produzir o efeito desejado. Logo nos minutos inaugurais, a corrente do jogo seguiu sempre em direção da baliza dos visitantes e, com a respetiva naturalidade, não demorou muito a ser aberto o marcador, num lance verdadeiramente insólito. Na sequência de um canto, após uma saída incompleta de Kosuke Nakamura, Carlinhos produziu um tento de belo efeito, com um golpe subtil de calcanhar. Pena ter sido na própria baliza. O desalento na cara do médio brasileiro ficou bem patente...

O emblema da Reboleira mostrava que não estava para brincadeiras, com o trio Regis-Pinho-Jabá a serem uma constante dor de cabeça para a débil muralha contrária. O controlo do camisola '20', principalmente de costas para a baliza, permitiu que as motas que atuam nos corredores pudessem fazer o que mais gostam: acelerar. Foi numa jogada similar que o conjunto da casa ampliou a vantagem. O experiente ponta-de-lança, através de um inteligente passe de primeira, respeitou a desmarcação de Léo Jabá. O avançado, de primeira e com o pé menos apurado, venceu o duelo frente ao guardião nipónico.

A tempestade emocional da formação algarvia foi notória, que o diga Kosuke Nakamura. O guarda-redes teve uma noite para esquecer, com o pesadelo a intensificar-se ao minuto 36. Na sequência de uma nova bola parada, numa intervenção teoricamente fácil, o jogador japonês soltou o esférico, deixando-o escapar para dentro das redes. A incredulidade disparou, tanto para os adeptos presentes na bancada como para os próprios companheiros. Apesar disso, os colegas de equipa não tardaram em consolar o guardião.

A nova versão não feriu

Também no que toca à componente ofensiva, os Guerreiros do Sul mostraram pouca inspiração. As movimentações de Hildeberto Pereira e de Hélio Varela na profundidade foram ineficazes, já que Dener, Lucas Ventura e Carlinhos não mostraram a clarividência necessária para servir a frente de ataque. Contudo, após o descanso, o Portimonense mostrou uma melhor versão de si, muito por culpa da entrada de Sylvester Jasper.

O jovem búlgaro veio agitar as águas, com o seu virtuosismo a trazer um maior poder de fogo. O jovem futebolista apostou, em múltiplas ocasiões, no um-para-um, mas o coletivo não foi capaz de acompanhar os vislumbres individuais. A coesão dos tricolores também foi decisiva para o rumo dos acontecimentos, não dando origem a qualquer período de instabilidade e desconforto. Uma exibição personalidade que fez jus ao resultado dilatado.

Com este resultado, o Estrela da Amadora ascende ao 11º posto da Liga Portugal Betclic, somando 21 pontos, os mesmos que o Portimonense. Posto isto, os alvinegros ficam, provisoriamente, no 12º lugar da tabela classificativa, fruto da diferença de golos.