Who are you? D’où viens-tu ? Wie wurdest du hier behandelt? Was wünschst du dir von unserem Land? ¿Qué piensas de nosotros? 你最难做的是什么? Quem és tu? De onde vens? Como te têm tratado aqui? O que desejas do nosso país? O que achas de nós? O que tens mais dificuldade em fazer?
Ah! Agora percebi! A primeira coisa que faz uma pessoa sentir-se estrangeira é pela língua. Confirmar que não se fala essa língua é, simultaneamente, uma confissão e um manifesto que se é estrangeiro. Por isso, quando se chega a um país onde se fala a mesma língua somos menos estrangeiros. E esse “fato”, mesmo quando é um “terno”, assenta como uma luva nos nossos dias globais.
Dia 5 de maio, que é o Dia Mundial da Língua Portuguesa, é por isso um dia em que os que falam e se entendem em português, não são estrangeiros entre si, pois partilham, simultânea e ubiquamente, uma pertença íntima. Uma cidadania comum.
Pense comigo. Neste mundo sempre ligado, polêmicas sobre reparação histórica e identidade cultural ganham mais destaque e polemizam mais facilmente, por isso, é imprescindível resgatar elementos que unem as nações além das fronteiras geopolíticas. A língua, esse patrimônio imaterial que atravessa continentes, emerge como um pilar fundamental nesta busca por união e entendimento mútuo.
A celebração da língua como um elo de união – para isso dia 5 de maio, intelectuais e artistas de Angola, do Brasil, de Portugal se unem em Coimbra — é especialmente relevante no contexto das discussões sobre reparação histórica.
Reconhecer e valorizar as diversas variações linguísticas é também uma forma de reparação, de reconhecimento da diversidade e da riqueza cultural que compõe o tecido da lusofonia. Neste sentido, a promoção da língua pode ser vista como uma estratégia vital para superar ressentimentos históricos e construir uma comunidade mais inclusiva e harmoniosa.
Essa cidadania da língua não é apenas um exercício de celebração, mas um compromisso ativo com a construção de uma sociedade mais justa e integrada. Ela é o veículo pelo qual podemos começar a trilhar juntos o caminho da compreensão, da cooperação e da paz. Ao investirmos na educação e na valorização da nossa língua, estamos, de fato, investindo no potencial humano de nossas nações.
A língua é mais do que um simples meio de comunicação: é a alma de um povo e o coração pulsante de sua cultura. É por lá, no domínio das palavras e dos significados que compartilhamos, que devemos iniciar nossa caminhada rumo a um futuro de maior entendimento e cooperação internacional.
O autor assina esta coluna quinzenal também na qualidade de fundador da Associação Portugal Brasil 200 anos.