ADN | Apostar no bicampeonato

3 meses atrás 49

Com o início do Euro 2024 ao virar da esquina, está na altura de conhecer todas as 24 equipas que vão participar no maior torneio de seleções do Velho Continente. Durante os dias que antecedem o pontapé de partida, o zerozero apresenta-lhe o perfil de cada seleção, assim como a sua figura e técnico.

O campeão voltou. Três anos depois de ter espetado uma faca no coração inglês em pleno Wembley, a Itália apresenta-se na Alemanha pronta para defender o título, mas com uma cara bem diferente da que fez sucesso em Terras de Sua Majestade.

A mudança começa logo pelo homem que se senta no banco de suplentes. Campeão europeu em 2021 - a edição de 2020 disputou-se mais tarde por culpa da pandemia -, Roberto Mancini deixou o cargo em 2023, rumo à Arábia Saudita, e a federação transalpina encontrou em Luciano Spalletti, campeão italiano pelo Napoli, o substituto.

O novo selecionador realizou a grande maioria dos jogos na fase de apuramento para o Campeonato da Europa, mas sempre em águas agitadas. Spalletti, que tinha contrato com o Napoli e viu o clube aceitar o seu desejo de fazer uma pausa na carreira, escapou a uma ação legal dos napolitanos quando mudou de ideias e assumiu o lugar de Mancini.

Veio a primeira paragem internacional com Gianluigi Donnarumma debaixo de muitas críticas dos italianos, veio a segunda com o escândalo de apostas que envolveu Sandro Tonali e veio a terceira, que trouxe a felicidade. No meio de toda a turbulência, Spalletti conseguiu o primeiro objetivo: apurar a squadra azzurra para a fase final. Segue-se o objetivo de colocar a Itália novamente na luta pela coroa.

Em seis jornadas no apuramento, a Itália de Spalletti fez 11 pontos, aos quais somou três conquistados com Mancini nos dois primeiros jogos para perfazer 14 e garantir o segundo lugar, bem atrás da Inglaterra. Assim se resume a estadia do selecionador italiano, que fez ainda três jogos amigáveis e tem um total de cinco vitórias em nove partidas pela equipa transalpina.

Transição com dores de crescimento

A Itália que se apresenta na Alemanha para defender o título europeu é diferente, muito diferente da gloriosa squadra de Wembley. Do onze inicial que disputou a final frente a Inglaterra, apenas cinco jogadores estão na primeira lista de Spalletti: Gigi DonnarummaGiovanni Di LorenzoJorginhoNicolò Barella e Federico Chiesa. Se estendermos aos suplentes dessa final, ainda se mantêm na seleção Alex MeretAlessandro Bastoni Bryan Cristante. Em resumo, dos 26 jogadores que estiveram em Inglaterra, em 2021, apenas oito poderão estar na Alemanha, em 2024.

É, por isso, uma Itália em transição aquela que tenta defender o trono perante uma data de pretendentes esfomeados. Há matéria-prima de sobra no elenco, mas Spalletti parece ainda não estar totalmente decidido em relação à forma como jogar e a equipa tem variado entre um sistema de três centrais (3-5-2) e um 4-3-3 semelhante ao que usou - com muito sucesso - em Nápoles.

Se procurarmos dissecar esta seleção italiana com maior pormenor e num aspeto mais individual, encontramos um poço de talento. À esquerda, Federico Dimarco chega ao Campeonato da Europa a viver, porventura, o melhor momento da carreira e com estatuto de um dos melhores alas esquerdos da atualidade. Incorpora-se com qualidade no último terço e cruza com veneno, uma arma que pode dar muito jeito às ambições italianas. 

Mais ao centro do terreno, há o irrequieto Barella, o regista Jorginho ou até Davide Frattesi e Lorenzo Pellegrini, todos eles nomes capazes de dar segurança com bola e controlo na zona nevrálgica do relvado. Entre as unidades mais adiantadas, destaque para o matador Gianluca Scamacca, acabado de assinar uma grande temporada - 19 golos e oito assistências - pela Atalanta, e Mateo Retegui, cujas boas exibições pela squadra azzurra - quatro golos em sete jogos - lhe podem valer a pole position na luta por um lugar no onze inicial. Não esquecer ainda Federico Chiesa e Mattia Zaccagni, ambos com recursos para colocar qualquer defesa em sentido.

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