“Adorava que Breitwieser tivesse sido meu professor de Arte na universidade”

2 meses atrás 79

Um canivete suíço, uma esferográfica e um cartão dobrado ao meio foi quanto bastou a Stéphane Breitwieser para roubar obras de arte no valor de dois mil milhões de dólares. Michael Finkel quis contar a história deste ladrão de arte francês que escapou à justiça durante oito anos. E nós, nesta entrevista exclusiva ao Et Cetera, quisemos saber mais sobre o encontro entre os dois, que deu um livro.

Michael Finkel, jornalista e escritor norte-americano, para quem uma pessoa complexa é um manancial de estórias, não desistiu de ouvir na primeira pessoa a história verídica de Stéphane Breitwieser, o ladrão de arte mais bem-sucedido e mais prolífico de sempre. Depois de fazer parangonas em jornais de todo o mundo, no início dos anos 2000, Breitwieser saltou para as páginas de “O Ladrão de Arte”, publicado em Portugal pela Porto Editora, livro que resulta de mais de uma década de trabalho intermitente, inúmeras viagens, entrevistas com polícias, advogados, amigos e familiares de Stéphane Breitwieser… E, cereja no topo do bolo, nas horas de conversa com o ladrão himself, para quem roubar era “cercar-se de beleza para se deleitar com ela”.

É uma pessoa paciente por natureza ou queria mesmo escrever sobre Stéphane Breitwieser?

Não sou uma pessoa muito paciente – pode perguntar aos meus filhos! [risos] E esperei oito meses, ou seja, quase um ano, até conseguir obter uma resposta: “O que é que quer saber?”, disse Breitwieser num tom seco. Mas respondeu! E enviei-lhe um dos meus livros, a tradução em francês, para ele perceber que eu era um jornalista e que estava interessado em entrevistá-lo. E assim começou uma troca de correspondência ao longo de quatro anos… Uma coisa absurda! Algures nesse período, mudei-me para França com a minha família – e não foi por causa de Breitwieser, apenas queria que os meus filhos falassem outra língua, e agora até falam melhor do que eu. [sorriso] É importante sair dos EUA para se perceber que há outros países… [sorriso] Ao fim de quatro anos a escrevermos cartas um ao outro, ele começou a mostrar-se mais amigável. Passámos de uma certa formalidade para um contacto mais informal e, finalmente, houve um dia em que lhe sugeri almoçarmos juntos. E ele aceita, na condição de eu não levar bloco de notas, caneta, gravador. Seria apenas uma reunião, um encontro. No final do almoço, por fim, aceita que eu o entreviste sem cobrar nada. [risos]

Mas foi muito além de um mero encontro.

Sim, acabámos por passar umas 50 horas juntos, entre viagens e visitas a museus para ele me mostrar como tinha levado a cabo alguns dos roubos. Ainda fui a muitos desses museus entrevistar pessoas, li os relatórios da polícia e, como se não bastasse, li uma centena de livros sobre roubos de obras de arte. Não estou a exagerar, foram mais de uma centena! E só depois comecei a escrever este livro. Muito trabalho para um livro relativamente pequeno, mas é esse o meu método – altamente ineficiente como se pode ver –, mas é assim que eu faço as coisas. Sou jornalista, por isso, a lógica é não escrever demasiado, ser sucinto… Ou seja, precisei de dez anos, com intermitências, para escrever um livro de 200 páginas. Mas é um estilo no qual acredito. [sorriso]

Conteúdo reservado a assinantes. Para ler a versão completa, aceda aqui ao JE Leitor

Ler artigo completo