África cresce 3% este ano e está faminta de investimento

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O economista-chefe do Banco Mundial para África, Andrew Dabalen, disse hoje que a África subsaariana deverá acelerar o crescimento para 3% este ano e 4% em 2025, considerando que as economias estão "famintas de investimento".

"Estamos num contexto de recuperação económica, a África subsaariana vai crescer 3% este ano, acelerando face aos 2,4% do ano passado, aumentando para os 4% nos próximos anos, mas apesar de ir na direção certa, ainda é uma recuperação em mudança baixa, a região está faminta de investimento, já que os setores público e privado estão deprimidos há algum tempo", disse Dabalen numa conferência com os jornalistas, no dia em que é apresentado o principal relatório anual do Banco Mundial para a África subsaariana, o Pulsar de África.

Na conferência, o economista-chefe para a região disse que são necessários "níveis de investimento muito mais elevados para recuperar mais depressa as economias e reduzir a pobreza", num contexto em que os indicadores das finanças públicas são preocupantes.

"Temos uma dívida esmagadora, com os volumes e os pagamentos de juros em níveis assustadores", salientou, lembrando a explosão da dívida pública, que passou de 150 mil milhões de dólares (137 mil milhões de euros), em 2010, para 500 mil milhões de dólares (457 mil milhões de euros) em 2022, em que para além do volume, também a composição dos credores mudou, com a China e os detentores de dívida comercial a terem agora 57% do total da dívida africana.

"Estes novos credores têm 57% da dívida, mas recebem 80% dos juros, que este ano representam um encargo de 19 mil milhões de dólares", mais de 17 mil milhões de euros, apontou, salientando que, "como as novas taxas de juros são maiores, mas as maturidades são menores, o resultado é que o valor a pagar é bem mais alto" do que quando a maioria da dívida africana era detida por credores bilaterais (países) e instituições financeiras internacionais.

A questão da dívida pública ocupou uma boa parte da apresentação do relatório por parte do economista-chefe, vincando que não é apenas um problema de finanças públicas, mas sim uma questão que tem impacto na vida diária das pessoas.

"Os países vão ter de pagar mais juros do que o valor que têm para fazer os investimentos nas áreas em que precisam, como saúde e educação", afirmou, lembrando o estudo da ONU que aponta que 17 países africanos gastam mais dinheiro a pagar juros do que com a educação ou a saúde.

Questionado sobre a necessidade de um mecanismo de alívio ou perdão da dívida, o economista-chefe do Banco Mundial respondeu: "Nós pedimos a resolução da dívida há muito tempo, quer para os países que têm questões de solvência, quer para os que têm problemas de liquidez, mas muitos têm em comum o problema da dívida demasiado alta e muito cara, não é segredo que temos defendido reestruturações e alívio da dívida, porque há margem para, em vez de os países se endividarem de forma onerosa, aumentar o financiamento concessional que não é adicionado ao volume de dívida", já que é garantido por uma entidade multilateral e tem maturidades longas e juros muito baixos.

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