África do Sul? "Cinco presidentes em 30 anos de democracia é recorde"

1 semana atrás 36

"Julgo que a África do Sul alcançou muito em termos de democracia, é uma democracia muito forte em todas as esferas das plataformas democráticas, sejam elas mediáticas, judiciárias e políticas, a África do Sul teve um desempenho muito melhor do que muitos países, no espaço de 30 anos tivemos cerca de cinco presidentes, o que é um recorde para os padrões africanos", afirmou.

O investigador sul-africano indicou que pese embora as "dificuldades" o país regista um "crescimento económico positivo, embora de um dígito", sublinhando que "desde o início da democracia tem havido um crescimento constante", ao contrário de muitos outros países, que tiveram "uma recessão severa".

A África do Sul, a economia mais desenvolvida do continente, assinala hoje as primeiras três décadas de democracia sob a governação do Congresso Nacional Africano (ANC), o antigo movimento de libertação nacionalista liderado por Mandela, que pôs fim à governação do anterior regime de 'apartheid', em 1994.

Thembisa Fakude considerou que o país teve um "bom desempenho" em termos democráticos, sublinhando que "as reivindicações sociais e políticas permanecem".

"É difícil comparar a África do Sul com qualquer coisa que tenha tido experiências semelhantes, porque não houve nada como este país, que herdou o desenvolvimento racial, a discriminação e o desenvolvimento separado em termos de desenvolvimento político, social e económico", frisou.  

O ANC, no poder, tem registado nos últimos 15 anos um declínio eleitoral, de 65,9% em 2008 para 57,50% dos votos em 2019, além de acusações de corrupção, desemprego e a quase falência das empresas públicas.

Nesse sentido, questionado sobre se o ANC concretizou o projeto social de 'Nação do Arco-Íris' do líder histórico Nelson Mandela, o investigador respondeu: "Eu julgo que conseguiram, (...) se olharmos para o que o ANC herdou em 1994 e onde estamos agora em termos de relações raciais e todos os outros desafios que vieram com isso".

"Mas o mais importante é que sabemos os problemas do ANC por causa da transparência da sociedade, a razão pela qual o ANC se encontra na atual situação é porque o próprio partido implementou sistemas que o monitorizam e é por isso que todos nós sabemos sobre todos os tipos de corrupção", salientou.

Ao comparar com a realidade social e económica em que vivia a maioria negra até ao fim do anterior regime de 'apartheid' em 1994, Thembisa Fakude deu o exemplo da avó, que faleceu em democracia, para sublinhar as mudanças implementadas pelo ANC nas últimas três décadas.

"A minha falecida avó disse-me que antes de 1994 não tinham acesso à água, e quando ela morreu ela tinha acesso à água, ela podia caminhar uns metros de distância até à casa de banho, tinha um subsídio que recebia na sua própria conta bancária, havia uma clínica não muito longe de onde morava, não estou a dizer que seja generalizado, mas definitivamente houve mudanças", frisou.

"Em termos de classe média negra profissional tem havido uma ascensão (...), se olharmos para as instituições que atualmente são administradas por negros relativamente ao havia em 1994, houve uma conquista fantástica, mas existem muitos desafios e problemas que o ANC continua a enfrentar e deve resolver, um deles é a prestação de serviços [públicos], o emprego, mas também cometeram o erro de prometerem muitas coisas às pessoas, incluindo habitação gratuita e muito mais", disse.

O Africa Asia Dialogues é um grupo de reflexão criado em 2021, em Joanesburgo, em parceria com o Common Action Forum (CAF) com sede em Madrid, Espanha, com o objetivo de "fomentar o interesse público na geopolítica e o seu impacto na vida dos povos de África e da Ásia", segundo Thembisa Fakude.

Leia Também: ONU quer imposto sobre carbono para financiar transição energética

Ler artigo completo