Albuquerque devia "suspender mandato". Situação é má "para democracia"

3 meses atrás 48

O antigo presidente do Partido Social Democrata (PSD), Miguel Relvas, considerou, na quarta-feira, que as suspeitas de corrupção que assolaram o Arquipélago da Madeira são nefastas sobretudo “para a democracia”, tendo defendido que o presidente do governo regional, Miguel Albuquerque, que é um dos lesados da investigação, deveria suspender o seu mandato.

“É um dia difícil para a democracia portuguesa. Estas situações e estas circunstâncias, independentemente de quem for, alimentam populismos e afastamento da vida política. […] Tive uma opinião muito clara quando foi com o doutor António Costa e mantenho a mesma posição. Penso que o doutor Miguel Albuquerque faria bem, na defesa das instituições públicas e partidárias, se suspendesse o seu mandato, até porque vamos ter vários episódios. Estas situações são pesadas”, começou por dizer o social-democrata, no seu espaço de comentário na CNN Portugal.

Miguel Relvas, que disse conhecer o chefe do governo regional “há mais de 30 anos”, salientou que, apesar da estima que nutre pelo governante e de acreditar na sua inocência, “ninguém está acima da lei”. Contudo, o social-democrata apontou que o caso vai além do PSD.

“Naturalmente que não é positivo para o PSD, como não foi positivo para o Partido Socialista (PS) perder um primeiro-ministro por uma situação judicial. Mas é, acima de tudo, mau para a democracia”, disse.

O comentador fez ainda uso da campanha publicitária lançada pela IKEA, também na quarta-feira, que fazia alusão ao caso dos 75.800 euros em numerário encontrados em envelopes dentro de livros e numa caixa de vinho no escritório do ex-chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, para ilustrar a “situação que hoje vivemos em Portugal”.

“Isto chegou a um ponto em que, hoje, uma grande multinacional europeia a fazer de oposição apresentou vários cartazes a dizer que o móvel que lançam serve para pôr livros e serve para pôr 75.800 euros. Gostaria de ver se fosse uma empresa portuguesa a fazer isto na Suécia o que diriam os suecos. Em primeiro lugar, é revelador da situação que hoje vivemos em Portugal, de um primeiro-ministro que teve de abandonar funções porque no seu gabinete estavam 75.800 euros escondidos em caixas, como esta situação da Madeira deixa marcas”, atirou.

O político esclareceu ainda acreditar que Miguel Albuquerque deveria suspender as suas funções “na defesa do seu próprio interesse, para que se possa defender, para que possa exigir que seja rápido”.

“O irónico de tudo isto é termos um Presidente da República que andou oito anos a aguentar um Governo em nome da estabilidade e, neste momento, tem os três Governos da República em situação particularmente difícil”, apontou.

E alertou: “Um PS fraco, e o mesmo em relação ao PSD, não é bom para a nossa democracia e não nos garante nada de positivo, como temos visto noutros países da Europa. Essa reflexão temos de a fazer em conjunto, independentemente das opções partidárias de cada um e das circunstâncias que vamos vivendo.”

Saliente-se que Miguel Albuquerque foi constituído arguido no âmbito das buscas da Polícia Judiciária (PJ) na Madeira, depois de o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, o presidente do Conselho de Administração do Grupo AFA, Avelino Farinha, e o líder do grupo AFA em Braga, Caldeira Costa, terem sido detidos por suspeitas de corrupção, participação económica em negócio, prevaricação, abuso do poder, entre outros crimes.

No caso de Albuquerque, que foi alvo de buscas domiciliárias, a suspeita recai sobre uma relação duvidosa com o grupo Pestana, particularmente com os sócios de Cristiano Ronaldo no Pestana CR7 Funchal, entre outros. De acordo com a CNN, em causa está a venda de uma quinta do presidente do governo regional a um fundo imobiliário com sede em Lisboa, por 3,5 milhões de euros, em 2017.

Em causa está ainda o alegado condicionamento editorial de órgãos de comunicação social e de controlo financeiro de jornais regionais, através de privados ligados ao seu Executivo. Indicaram ainda que o responsável pretendia condicionar notícias desfavoráveis.

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