Algarve enfrenta desafios na redução do consumo de água

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Com a revogação das medidas do governo anterior, o novo executivo atualizou as restrições ao consumo de água na região, reduzindo de 25% para 13% na agricultura e de 15% para 10% no setor urbano.

De acordo com o mais recente Observatório da Água no Algarve, divulgado a 30 de setembro, observou-se “um decréscimo no desempenho dos 16 municípios” da região em relação ao objetivo de reduzir o consumo urbano de água em 10%, conforme estipulado pelo Governo em junho.

Entre os municípios algarvios, apenas Lagoa, Tavira, Vila Real de Santo António, Alcoutim e Castro Marim conseguiram diminuir o consumo de água em setembro em comparação com o mesmo mês de 2023, embora ainda não tenham alcançado a meta estabelecida. O relatório indica que, de janeiro a setembro de 2024, houve uma redução acumulada de 8,0% no consumo urbano, resultando numa economia de aproximadamente 4,7 milhões de metros cúbicos de água em relação ao mesmo período do ano anterior.

O relatório de monitorização revela que, durante o quarto trimestre do ano hidrológico 2023/24, a precipitação acumulada na região foi inferior a 50 milímetros, exceto na área de Monchique, que recebeu volumes superiores. Quanto ao nível de seca hidrológica, a região continua a enfrentar condições extremas, especialmente no barlavento e no sotavento, enquanto a bacia do Arade apresentou uma leve melhoria, passando a um estado de seca hidrológica moderada.

Em relação às massas de água subterrâneas, o relatório destaca que a maioria dos aquíferos, como Almádena-Odiáxere, Querença-Silves e Campina de Faro, mantém “níveis piezométricos muito baixos”, com algumas áreas a registar níveis que não chegam ao percentil 20. Em Almádena-Odiáxere, a situação atual “é mais grave do que na seca de 2005”, com níveis de água que se aproximam do nível médio do mar. O aquífero Querença-Silves apresenta uma condição ainda mais preocupante, com as zonas central e oeste em pior situação, embora a zona leste demonstre “indícios de recuperação”. No entanto, isso ainda é considerado “mais desfavorável do que na seca de 2005 e significativamente mais grave do que em 2022”.

Desde maio de 2022, as albufeiras da região têm apresentado níveis de armazenamento abaixo dos 50% e a falta de reposição nos períodos de maior precipitação tem causado um déficit contínuo na disponibilidade de água, tanto superficial quanto subterrânea. A atual situação hídrica no Algarve, especialmente nos anos de 2022 e 2023, revela que os usos atuais de água “não poderão ser adequadamente satisfeitos com as reservas existentes”.

O relatório da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) menciona que a chuva em março e abril deste ano ajudou a aumentar os volumes armazenados nas albufeiras, com um incremento de 84 hectómetros cúbicos entre 1 de janeiro e 30 de abril. Apesar desse aumento, a APA ressalta que ainda é preciso ser cauteloso, já que, até ao final de dezembro de 2024, o volume útil armazenado nas albufeiras deve ser suficiente para garantir um ano de abastecimento público.

A 5 de fevereiro, o Governo de António Costa decretou a situação de alerta no Algarve devido à seca, mas em maio, o atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou o alívio das restrições para a agricultura e o setor urbano, que inclui o turismo. Com a revogação das medidas do governo anterior, o novo executivo atualizou as restrições ao consumo de água na região, reduzindo de 25% para 13% na agricultura e de 15% para 10% no setor urbano.

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