Alterações climáticas afetam peixes nativos do estuário do Minho

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Em comunicado, o centro esclarece que os investigadores realizaram campanhas de amostragem semanais durante cerca de uma década (2010-2019) em Marina Lenta, no rio Minho.

A investigação incluiu a recolha de 3.029 amostras de peixes, o que contribuiu "para uma deteção mais precisa de alterações na dinâmica da comunidade".

Os investigadores analisaram a diversidade taxonómica e a diversidade funcional, "permitindo uma compreensão holística e mais aprofundada da biodiversidade desta comunidade".

Estes indicadores permitiram avaliar as alterações ecológicas na comunidade de peixes e as características mais impactadas positiva e negativamente ao longo dos anos.

Esta investigação é a continuação de outro estudo, que constatou que as espécies invasoras, como a perca-sol, carpa-comum e tenca (que surgiram no estuário entre 2015 e 2016), eram beneficiadas pelo aumento da temperatura e declínio da precipitação.

Simultaneamente, as espécies nativas foram prejudicadas pela mudança das condições climatéricas.

Os resultados deste estudo vão de encontro ao já constatado e revelam "ser preocupantes", ao mostrar um aumento na diversidade de espécies invasoras de peixes no estuário do rio Minho.

"Observámos um aumento na diversidade de espécies invasoras de peixes do estuário do rio Minho, enquanto o número de espécies de peixes nativas diminuiu", explicam os autores, Martina Ilarri, Carlos Antunes, Ester Dias e Allan T. Souza.

Este fenómeno, esclarecem, é influenciado por variações das condições ambientais e agravado por eventos climáticos extremos.

O evento extremo mais impactante registado foram ondas de calor, "possivelmente as grandes responsáveis por acelerar as mudanças observadas nesta comunidade de peixes".

"Os dados obtidos mostram claramente uma alteração na comunidade, beneficiando espécies invasoras que têm maior afinidade com condições de águas mais lentas e ricas em vegetação submersa, ao passo que espécies nativas, em especial as migradoras, são menos tolerantes às variações que ocorreram no ecossistema ao longo da última década", acrescenta.

O CIIMAR destaca que a redução da diversidade se traduz "numa ameaça para a saúde e equilíbrio deste ecossistema, causando graves implicações na cultura e economia locais que dependem do peixe como fonte de alimento e subsistência".

Os investigadores destacam a urgência de serem implementadas ações e políticas eficientes para mitigar os efeitos das alterações climáticas e preservar o estuário.

Este trabalho, realizado no âmbito do projeto Migra Miño, é cofinanciado pela Agência Regional Europeia Fundo de Desenvolvimento (FEDER), através do Programa Interreg V-A, Espanha-Portugal, e foi publicado em outubro de 2023 na revista NeoBiota.

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