Vive há décadas com cicatrizes que a fazem recordar as atrocidades de que foi vítima às mãos do 'caçador de escalpes'. Delia Balmer é a única sobrevivente conhecida de John Sweeney, um dos 'serial killers' mais perigosos do Reino Unido. Na década de 90, a norte-americana, natural do Texas, imigrou para Londres, Inglaterra, onde conheceu o criminoso. O que começou como uma história de amor acabou num pesadelo. Delia foi atacada com um machado, golpeada com uma faca ferrugenta e deixada a morrer à porta de casa.
"Ainda tenho a cama onde ele me violou. Ainda tenho as cicatrizes de onde ele me atacou com um machado (...) É o tipo de coisa que se lê nos jornais ou se vê num filme e não acontece na realidade. Mas aconteceu. Aconteceu-me a mim", disse Delia ao Daily Mail.
Conhece 'serial killer' em pub
Delia formou-se em enfermagem e, em 1991, foi para Londres. Foi na capital inglesa, quando visitava o Hawley Arms, um pub famoso e frequentado por celebridades, que foi abordada por um homem com um "ar hippie" que lhe queria oferecer uma bebida. Era John Sweeney. Na altura, Delia lembra-se de ter pensado: "Bem, estou aborrecida. Pelo menos tenho alguém com quem falar".
John Sweeney era um homem divorciado com dois filhos, mas omitiu esta informação a Delia, tendo ganhado rapidamente a sua confiança.
Depois de manterem o contacto por alguns meses e de iniciarem uma relação, John Sweeney convenceu a jovem a mudar-se para o seu apartamento no norte de Londres.
Quadros macabros
A partir desta altura, Delia começou a reparar em comportamentos pouco comuns do companheiro. Sweeney gostava de pintar e pendurava alguns quadros na parede. Delia achava-os estranhos e, de certo modo, macabros. Entre as obras estavam autorretratos de Sweeney com chifres na cabeça, uma rapariga nua amarrada e um caixão.
Amarrada a cama
Pouco tempo depois, Sweeney começou a adotar uma postura controladora e agressiva com Delia. Uma noite amarrou a jovem à cama e submeteu-a a agressões. Sweeney confessou ter matado uma ex-namorada e os dois colegas de casa em Amesterdão, nos Países Baixos. "Matei-os a todos. Não sabia o que fazer com os corpos, por isso cortei-os e atirei-os ao canal", admitiu.
Depois de sujeitar Delia a quatro dias de tortura, Sweeney deixou-a ir embora. Quando finalmente ganhou coragem para denunciá-lo, a jovem mostrou à polícia o bizarro portefólio de obras de arte, mas acabou por ser ignorada.
Delia tentou excluir Sweeney da sua vida, mudando as fechaduras, mas este rapidamente a voltou a abordar. O criminoso forçou a entrada e tentou atacá-la. Dessa vez, foi interrompido pela chegada da polícia.
Encontrado estojo do assassino
No local do crime, a polícia encontrou o estojo do assassino que continha uma lâmina de serra, luvas de borracha, cordas, uma grande lona e fita adesiva. Sweeney foi detido, mas, apesar de todas as provas, foi libertado poucos dias depois sob fiança.
Atacada com machado
Delia temeu pelo pior assim que recebeu a notícia de que o ex-companheiro tinha sido libertado. No dia 22 de dezembro de 1994, voltou a ser atacada no meio das escadas do prédio. "Ele deu-me uma pancada na cabeça e atacou-me com um machado. Depois, largou o machado e agarrou numa faca ferrugenta. Tentei empurrá-lo, mas sem sucesso. Ele esfaqueou-me no peito e na coxa. Cheguei ainda a ver o meu dedo 'voar'. Naquela altura, pensei: 'Agora vou morrer'", conta.
Assassino envia carta à polícia
A chegada de um vizinho ao prédio fez Sweeney fugir. 11 dias depois enviou uma carta à polícia da Scotland Yard, gabando-se dos crimes e de como nunca o apanhariam.
Seis anos depois, a descoberta de um corpo esquartejado fez a polícia chegar a Sweeney. Os restos mortais de Paula Fields, de 31 anos, foram encontrados numa coleção de barracas, carregadas de tijolos e telhas, no Regent's Canal, em Londres. Faltavam-lhe a cabeça, as mãos e os pés.
Ao investigarem o passado de Paula, as autoridades encontraram o nome de um namorado conhecido como "Scouse Joe". Não foi preciso muito tempo para descobrirem que se tratava de Sweeney.
No apartamento em que o assassino vivia, a polícia encontrou centenas de obras de arte de mulheres com cabeças e membros cortados, algumas das obras que Delia tinha visto.
Prisão perpétua
Sweeney viria a ser condenado pela tentativa de homicídio de Delia, mas os procuradores consideraram que não havia provas suficientes para o acusar do homicídio de Paula.
Foi devido à colaboração entre Delia e uma detetive reformada que foi possível colocar Sweeney atrás das grades. "Se ela [Delia] não tivesse voltado ao tribunal, o juiz teria deitado tudo a perder e ele [Sweeney] ter-se-ia safado e continuaria a matar. Ninguém tem dúvidas quanto a isso", referiu a detetive.
Em abril de 2011, Sweeney foi considerado culpado de duas acusações de homicídio e condenado a passar o resto da sua vida na prisão.