Amnistia Internacional expressa "profunda preocupação" com crise no GMG

9 meses atrás 84

A Amnistia Internacional – Portugal expressou, esta quarta-feira, "profunda preocupação" perante a situação atualmente vivida no Global Media Group (GMG), admitindo ainda apreensão perante "a fragilidade da imprensa" no país, que representa a "instabilidade que está sujeita a democracia".

Esta posição foi partilhada num comunicado de imprensa intitulado 'Fragilidade da Imprensa é um ataque à Democracia em Portugal'.

"A fragilidade da imprensa em Portugal é um sinal claro da instabilidade a que está sujeita a democracia no país. Os desafios que a imprensa vive desde há anos, em Portugal, com predominância na sustentabilidade financeira, são tão grandes quanto a sua importância para a Democracia", lê-se.

A Amnistia nota que "não é necessário ter como exemplo países onde não existe liberdade de expressão e imprensa livre, ou olhar para a História de Portugal do século XX, para perceber como a imprensa é essencial para escrutinar e chamar à responsabilidade os poderes políticos".

"Uma imprensa independente e rigorosa é um dos pilares de uma Democracia sólida", acrescenta, referindo que, "sendo essencial o trabalho da imprensa", ele está "sujeito a regulamentação própria que garante o rigor e a independência do trabalho jornalístico como um serviço fundamental para a democracia".

Sobre a crise vivida no GMG, a Amnistia refere que "os direitos, deveres e garantias" dos jornalistas "podem não estar a ser cumpridos integralmente".

"A Amnistia Internacional – Portugal olha para a opacidade dos acontecimentos do último mês com profunda preocupação", frisa.

"Suscita elevada preocupação a falta de clareza sobre quem está por detrás do fundo que adquiriu e controla o Global Media Group", nota a organização que "regista também com muita preocupação a falta de pagamentos de salários e a pouca transparência nas contas e situação financeira do grupo, não sendo possível perceber a verdadeira dimensão do problema financeiro e a justificação da falta de cumprimento das obrigações financeiras".

"É ainda com profunda apreensão" que a Amnistia Internacional – Portugal "percebe a fragilidade da imprensa em Portugal, com riscos acrescidos de instrumentalização da mesma por interesses que podem ser contrários à importante missão da comunicação social, conforme veiculam relatos de interferência de proprietários - ou de administrações em nome de proprietários - no trabalho das redações"

"O ataque à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa pode ser também efetuado pela instabilidade e fragilidade económica", remata.

Recorde-se que os trabalhadores do Global Media Group (GMG) estão hoje em greve para mostrar repúdio pela intenção de despedir até 200 profissionais e pela defesa do jornalismo.

O protesto foi convocado pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ), pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE-Norte) e pelo Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT), abrangendo todos os trabalhadores, independentemente da função.

Note-se que em 6 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva do GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar "a mais do que previsível falência do grupo".

Os trabalhadores não receberam o salário de dezembro, nem o subsídio de Natal que, segundo a administração, será pago em duodécimos durante este ano, o que viola a lei.

O grupo anunciou também o fim das prestações de serviços a partir de janeiro, num aviso com poucas horas de antecedência.

Para os trabalhadores, a postura da administração representa o "total desrespeito pelas pessoas que há anos mantêm vivas as várias empresas do grupo, com salários do século passado".

Leia Também: Trabalhadores do GMG protestam em Lisboa em defesa dos postos de trabalho

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