Analista. Crise no Médio Oriente resulta de "menor envolvimento dos EUA"

8 meses atrás 63

Em entrevista à Lusa, a diretora de Política Externa e Defesa do 'think tank' conservador observa que os três últimos presidentes dos Estados Unidos procuraram um envolvimento no Médio Oriente, que pode ser explicado pela guerra no Iraque e no entendimento de muitos norte-americanos de que se tratou de "um erro".

Segundo Schake, que esteve na quinta-feira em Lisboa para a conferência "Estados Unidos no Mundo: Guerras, Política e Ordem", promovida pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), a política de expansão de colonatos de Israel ou "a estratégia de grande sucesso" do Irão de desestabilizar os governos vizinhos e promoção do terrorismo, "é a consequência de uns Estados Unidos menos envolvidos" no Médio Oriente.

"Quando há um menor envolvimento dos Estados Unidos, na verdade, é isto que se obtém: mais agitação, um Irão mais forte e a preocupação no grupo dos estados árabes do Golfo e Israel de que os Estados Unidos não ajudarão a proteger os seus interesses", sustenta a analista norte-americana de 61 anos, que, no seu percurso, desempenhou funções nos departamentos norte-americanos de Defesa e de Estado e no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca e foi conselheira na campanha presidencial do republicano John McCain em 2008.

Um bom exemplo do desinvestimento norte-americano na região, aponta, é a perturbação atual da navegação marítima internacional no Mar Vermelho e os ataques dos Huthis iemenitas, apoiados pelo Irão, após "os Estados Unidos terem evitado que os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita o derrotassem há um ano e meio".

No caso da Palestina, a influência norte-americana tem servido moderadamente para "limitar as escolhas de Israel de forma vantajosa para os palestinianos", assinala Schake, destacando os benefícios de uma política mais ativa na região por oposição ao que está a acontecer.

"O que estamos a ver atualmente é uma demonstração do argumento mais amplo sobre a ordem internacional liberal, que é o de que a sua preservação é muito menos onerosa para as sociedades livres do que permitir que ela se corroa e ter de a restabelecer", sustenta.

Após o ataque terrorista do movimento islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, a administração do Presidente norte-americano, Joe Biden, tentou, logo no primeiro momento, "mostrar solidariedade e potenciar a influência dos Estados Unidos nas escolhas de Israel", o que acabou por não se revelar.

"A pouca influência que tínhamos (Estados Unidos) foi benéfica, mas a administração Biden sobreestimou essa influência e aquilo em que a nossa política parece empenhada agora é ganhar tempo para Israel destruir o Hamas o máximo que puder e aguentar entretanto a oposição internacional", refere a analista.

Por outro lado, a administração Biden procura "evitar que a guerra se alargue através de um envolvimento mais vasto do [grupo xiita libanês] Hezbollah, da Síria, do Irão e dos Huthis", referiu a responsável do American Entreprise Institute, quando ainda não tinha acontecido o ataque dos Estados Unidos e Reino Unido contra o grupo iemenita, na noite de quinta-feira.

Mas antes de os Huthis serem visados, após as suas repetidas ações contra navios civis no Mar Vermelho, a analista observava que a simples mobilização militar "não significa persuadir os adversários dos Estados Unidos de um empenhamento efetivo em impedi-los.

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