Analistas dizem que investidores mantêm confiança em Portugal

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"Por enquanto as reações aos resultados têm sido contidas, tanto a nível do PSI [índice da bolsa de Lisboa] como nos juros da dívida pública, que permanecem estáveis e em linha com os de outros membros da zona euro", afirma o diretor executivo da ActivTrades Europe, Ricardo Evangelista, à Lusa.

Também o analista da XTB Henrique Tomé diz que não houve qualquer reação do lado dos mercados, desde logo no mercado obrigacionista.

"Podemos considerar que até agora as eleições foram um `não evento` para o mercado nacional, em linha com os últimos anos de eleições, tal como já era esperado", considera.

O responsável de negociação do Banco Carregosa, João Queiroz, afirma que os investidores não percecionam risco, tendo em conta a melhoria da notação de risco dos últimos anos (`rating`), a evolução das finanças públicas (sobretudo diminuição do rácio de dívida pública para menos de 100% do Produto Interno Bruto) e economia.

Os juros da dívida a 10 anos de Portugal continuam abaixo dos de Espanha e o diferencial para a dívida da Alemanha mantém-se, nota, considerando que ainda assim será interessante ver como correrão as duas emissões de obrigações marcadas para esta quarta-feira.

Queiroz diz mesmo que a instabilidade política é até percecionada como "neutral ou mesmo positiva" porque enquanto não há Governo não há agravamento da despesa, da dívida. Já no investimento, a preocupação é a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) mas já estava descontado.

Quanto ao médio prazo, Ricardo Evangelista diz que os mercados financeiros têm como "principais incógnitas" saber se o país conseguirá manter a estabilidade política na governação e a prudência orçamental perante "um panorama político fragmentado que apresenta um quebra-cabeças complexo". Se houver dúvidas nesse âmbito, aí, sim, "a apreensão nos mercados financeiros irá crescer, afetando a confiança dos investidores e potencialmente provocando subidas nos juros da dívida".

Para Henrique Tomé, a "instabilidade política a longo prazo pode ser um fator de risco e poderá eventualmente influenciar o mercado de capitais português", mas considera que é prematura qualquer cenarização mais pormenorizada.

A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%). A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, garantiu hoje aos seus homólogos da União Europeia (UE) a "continuidade da trajetória de contas certas".

"Tive oportunidade de partilhar com vários colegas, e depois de viva voz a todo o Conselho, os resultados eleitorais em Portugal, e aquilo que me parece mais importante, a convicção de que o futuro Governo, que será liderado pela Aliança Democrática e pelo doutor Luís Montenegro, irá dar continuidade à trajetória de contas certas que o país tem seguido - é aliás o compromisso que assumiu no seu programa eleitoral e é minha convicção de que o irá prosseguir e continuar", disse Fernando Medina, falando à imprensa portuguesa em Bruxelas, no final de uma reunião do Ecofin.

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