Menino-sensação na passagem pelo FC Porto, promessa por confirmar na passagem por Old Trafford, Anderson relembrou em entrevista ao Globoesporte, as várias etapas da sua carreira. Desde a passagem pelos dragões, aos momentos mais marcantes vividos no Manchester United, o Golden Boy do ano 2008 sublinhou ainda a relação chegada que mantinha com Alex Ferguson e Cristiano Ronaldo. «Chego ao FC Porto como um miúdo de 16 anos. No primeiro ano, joguei na equipe B e, no finalzinho, na equipe A. No segundo ano já vesti a camisola 10 e mandava no clube. Estava com uma moral muito grande. Chegamos aos quartos de final da Champions e parti a perna. Foi o momento mais difícil da minha vida. Estava num momento que tudo corria bem, sofri uma lesão muito grave. Todo mundo sentiu muito. Era o maluco do clube, todos me davam carinho. Fiquei seis meses parado, voltei no terceiro ano, já com 18 anos e começo a arrebentar de novo», introduziu o antigo médio. «Tive um período de férias e o meu agente, Jorge Mendes, tentou ligar-me... "O presidente do Manchester e o Carlos Queiroz estão aqui. Querem te contratar”. Pensei que estava a brincar: “Ah, para... Deixa-me de férias”. Ele disse: “Vem agora para cá”. Estava em Vigo, perto de Porto. Fui para o Manchester, por 35 milhões de euros. Na época era muito dinheiro. Hoje seriam 100 milhões, 90 milhões», explicou ainda. «Fui para Manchester. Tudo escuro na cidade às quatro da tarde. Vejo um senhorzinho a vir falar comigo, de chinelo de dedo. Não entendia nada e a minha mãe disse: “Este é o teu treinador”», revelou: «Ferguson e eu tínhamos um carinho muito grande. Era além de treinador e jogador, fez entender as coisas. Colocou-me no meu lugar. Controlava o Manchester a 100 por cento.» Na hora da saída do emblemático treinador escocês, a tristeza apoderou-se de todo o plantel, não sendo Anderson exceção: «Veio aquele calafrio, aquela tristeza no coração. Ele (Ferguson) olhou para mim e eu disse-lhe para parar com aquelas loucuras. Deu a mão e disse: “Obrigado filho. Obrigado por tudo e por seres essa pessoa maravilhosa. Por te repreender muitas vezes, dizer que és uma pessoa fantástica, menino de ouro.” Aí, comecei a chorar.» Antes desse momento, em 2013, Anderson passou pela adaptação ao futebol e cultura inglesa, um procedimento para o qual muito contribuiu Cristiano Ronaldo: «Logo que cheguei fui para casa do Cristiano. Agradeço-lhe muito. Adotou-me. A gente morou quase um ano na casa do Ronaldo. Saímos porque quisemos sair. Por ele, ficaríamos lá. Não gastávamos com nada. Nani e eu, para não sermos cara de pau, fazíamos pelo menos um mercado. Levava a gente para o treino, dava alimentação, tinha cozinheira, piscina dentro e fora de casa, jacuzzi e campo de tênis.» «O treino era às 9h30, mas tínhamos que ir às vezes 6h30... Ronaldo estava no clube e a gente ia com ele. Ficava Nani e eu a dormir nas macas à espera, porque tinha de começar o trabalho dele. Se tivesse cinco por cento da mentalidade do CR7, estaria entre os 20 melhores médios daquele momento», considerou ainda.Os primeiros tempos em Inglaterra e o impacto de Sir Alex Ferguson
A ajuda de Cristiano Ronaldo