Antigas funcionários acusam ex-proprietário da loja Harrods de violência sexual

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Pelo menos 37 mulheres acusam o antigo proprietário da Harrods, Mohamed Al-Fayed, que morreu em 2023, de violência sexual, revelaram esta sexta-feira os seus advogados, que pretendem lançar uma ação civil contra a famosa loja londrina.

"Chegou a hora da justiça", declarou a advogada americana Gloria Allred, que faz parte do grupo de advogados que está a tratar do caso, numa conferência de imprensa em Londres. 

Há vítimas "em todo o mundo", acrescentou o seu colega Bruce Drummond.

A conferência de imprensa esta sexta-feira em Londres realizou-se um dia depois de a estação pública BBC ter transmitido uma reportagem intitulada "Al-Fayed: Um Predador no Harrods".

Cerca de 20 mulheres testemunharam no documentário, cinco delas acusando-o de violações cometidas em Londres e Paris, enquanto outras relataram tentativas de violação e agressões sexuais durante os 25 anos em que Al-Fayed foi proprietário da loja e do hotel Ritz, em Londres.

Esta sexta-feira, os advogados das alegadas vítimas prometeram "obter justiça" para as 37 mulheres que dizem representar nesta fase, descrevendo o antigo dono da famosa loja londrina, que morreu no ano passado com 94 anos, como um "monstro".  

Os advogados compararam o caso do empresário bilionário egípcio ao de outras figuras conhecidas. 

"Este caso combina alguns dos elementos mais horríveis dos casos envolvendo [o apresentador de televisão] Jimmy Savile, [o empresário] Jeffrey Epstein e  [o produtor de cinema] Harvey Weinstein", afirmou Dean Armstrong. 

Uma das alegadas vítimas de Al Fayed, Natacha, disse na conferência de imprensa que o empresário bilionário era "altamente manipulador" e "atacava os mais vulneráveis, aqueles de nós que precisavam de pagar a renda e alguns de nós que não tinham pais para os proteger".

Numa declaração dada ao documentário da BBC, os novos proprietários da Harrods, loja que compraram a Al-Fayed em 2010, manifestaram estar "absolutamente chocados" com as alegações de abuso, das quais só terão tido conhecimento no ano passado.

"Embora não possamos voltar atrás no passado, estamos determinados a fazer o que é correto enquanto organização, guiados pelos valores que defendemos esta sexta-feira em dia, assegurando ao mesmo tempo que tal comportamento nunca mais se repetirá no futuro", afirmaram os proprietários num comunicado.

No entanto, Armstrong afirmou que há décadas que são feitas alegações sexuais contra Al-Fayed.

"Estamos aqui para dizer publicamente e ao mundo, ou à Harrods em frente ao mundo, que é altura de assumirem a responsabilidade, e é altura de resolverem as coisas, e isso é algo que devem fazer o mais rapidamente possível", afirmou.

A advogada Gloria Allred, que representou vítimas em alguns dos casos de abuso sexual mais notórios dos últimos anos, incluindo Epstein, Weinstein e Bill Cosby, disse que a "Harrods é muitas vezes referida como a loja mais bonita do mundo". 

"No entanto, por detrás do brilho e do charme da Harrods havia um ambiente tóxico, inseguro e abusivo", acusou.

Mohamed Al-Fayed, nascido a 27 de janeiro de 1929 num modesto subúrbio de Alexandria, no Egito, passou grande parte da sua vida no Reino Unido, onde se tornou proprietário do Harrods em 1985 e do clube de futebol Fulham FC entre 1997 e 2013.

Segundo a BBC, já tinha sido acusado de actos semelhantes e a polícia abriu uma investigação de violação em 2015. 

Mas o pai do último amante da princesa Diana, Dodi, que morreu com ela num acidente de viação em Paris, a 31 de agosto de 1997, nunca foi acusado.

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