António-Pedro Vasconcelos? "Obreiro decisivo" da geração do Cinema Novo

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Na página oficial, a Cinemateca Portuguesa prestou homenagem ao cineasta, lembrado, por exemplo, o percurso no cineclubismo, nos anos 1950, e na crítica de cinema, nomeadamente nas revistas Imagem e Cinéfilo.

O autor de filmes como "O Lugar do Morto" e "Os Imortais" morreu em Lisboa, "a poucos dias de completar 85 anos de uma vida maravilhosa", revelou hoje a família, em comunicado.

A Cinemateca Portuguesa já tinha dedicado, em 2018, uma retrospetiva integral à obra do cineasta, na sequência de outros programas sobre Cinema Novo, colocando António-Pedro Vasconcelos na segunda geração, depois do "trio de arranque do período 1963-1965 (Paulo Rocha, Fernando Lopes e António de Macedo)".

Na altura, a Cinemateca afirmava que "viajar pela obra de António-Pedro Vasconcelos é assim viajar por mais de meio século de cinema português e pelos debates levados a cabo no seio dele".

"Porque se A-PV [António-Pedro Vasconcelos] é um dos grandes obreiros do Cinema Novo, ele é também autor assumido de uma dissensão histórica no seio dele, com consequências profundas na prática e nos debates que marcaram a atividade de cinema em Portugal até aos dias de hoje", referiu o museu do cinema.

Nascido em Leiria em 10 de março de 1939, António-Pedro Vasconcelos foi realizador, produtor, crítico de cinema, professor, comentador desportivo -- no programa "Trio d'Ataque" -- e uma pessoa "com forte intervenção cívica", como escreveu José Jorge Letria no livro "Um cineasta condenado a ser livre" (2016).

Na ficção estreou-se com "Perdido por Cem", em 1973, que realizou e escreveu, dando início a uma longa carreira de 50 anos com múltiplos títulos populares.

Antes da viragem do século, realizou vários filmes que se tornaram em sucessos de bilheteira, como "O Lugar do Morto", em 1984, ou "Jaime", de 1999, que foi premiado no Festival de Cinema de San Sebastián, em Espanha.

A eles juntam-se ainda "Call Girl", de 2007, visto por mais de 230 mil espectadores, "A Bela e o Paparazzo", de 2010, e "Os Gatos Não Têm Vertigens", de 2014.

Crítico da política de apoios em Portugal, desencantado com muito do cinema produzido na Europa e com o afastamento do público, o realizador, produtor, crítico e professor também foi comentador desportivo, no programa "Trio d'Ataque", da RTP, do qual saiu em 2011.

Um dos campos de intervenção de António-Pedro Vasconcelos foi na Associação Peço a Palavra, que dirigiu, e através da qual que se bateu publicamente contra a privatização da TAP. Também integrou movimentos de defesa do serviço público, como o que existiu em 2012, durante o período da 'troika'.

Em 1992, foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente da República, Mário Soares, para quem tinha feito os tempos de antena.

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