Apesar das falhas, provas indicam que Hamas fez uso de violência sexual

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Os atos cometidos pelo grupo islâmico Hamas têm sido documentados pelas autoridades israelitas desde a escalada do conflito, iniciada a 7 de outubro. Apesar das falhas cometidas no que diz respeito à preservação de provas de violência de género e do uso da violação como arma de guerra, os indícios apontam para o recurso sistemático à violência sexual por parte da milícia.

A principal unidade de investigação policial de Israel, Lahav 433, está a analisar mais de 50 mil provas visuais e 1.500 depoimentos de testemunhas. Contudo, a entidade não consegue calcular quantas mulheres e raparigas sofreram violência de género às mãos do Hamas, segundo o The Guardian.

Este meio noticiou ainda ter conhecimento de pelo menos seis agressões sexuais para as quais existem várias provas, tendo salientado que duas das vítimas, que foram assassinadas, tinham menos de 18 anos. Sete outras mulheres mortas também terão sido violadas no ataque de 7 de outubro, de acordo com a investigação da professora, jurista e defensora internacional dos direitos das mulheres Ruth Halperin-Kaddari. Também os jornais New York Times e NBC identificaram mais de 30 mulheres e meninas mortas, cujos corpos apresentavam sinais de abuso, particularmente nos órgãos genitais.

É que, após o ataque de 7 de outubro, as morgues não tinham tempo ou capacidade para testar as vítimas para agressões sexuais, segundo o porta-voz da polícia, Mirit Ben Mayor. E mais: existem apenas sete patologistas treinados em Israel, o que dificultou o trabalho. Os corpos também foram dados à família o mais depressa possível, para que pudessem levar a cabo os enterros exigidos pela tradição judaica. Além disso, a maioria dos trabalhadores da Zaka, a organização de resposta a emergências em Israel, nem sequer equacionou a possibilidade de as mulheres assassinadas terem sido violadas. Muitos deles são homens conservadores ultra-ortodoxos, crença com uma natureza repressiva da mulher, que é encarada como tentação sexual.

Mas, e ainda que seja possível fazer exames póstumos, é pouco provável que a extensão total da violência de género cometida a 7 de outubro venha a ser conhecida.

Existem ainda preocupações quanto à segurança das mulheres que ainda estão em cativeiro do Hamas. A chefe de psiquiatria do centro médico Ichilov Tel Aviv, Renana Eitan, confessou ao The Guardian que dos 14 reféns libertados ainda sob os seus cuidados – incluindo crianças – vários foram submetidos ou testemunharam abusos sexuais.

Apesar de o Hamas o negar, peritos independentes nomeados pela Organização das Nações Unidas (ONU) disseram, na segunda-feira, que “dado o número de vítimas e a extensa premeditação dos ataques”, as provas de violações e mutilação genital apontavam para possíveis crimes contra a humanidade.

Depois do ataque surpresa do Hamas contra o território israelita, sob o nome 'Tempestade al-Aqsa', Israel bombardeou a partir do ar várias instalações daquele grupo armado na Faixa de Gaza, numa operação que denominou 'Espadas de Ferro'.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas, grupo considerado terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE), tendo acordado com a oposição a criação de um governo de emergência nacional e de um gabinete de guerra.

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