«Arábia? Um bom profissional não recusa esta oportunidade»

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O MAISFUTEBOL e A Bola falaram com Domingos Soares Oliveira em Riade, para onde viajaram a convite da Liga Saudita, tendo percebido o que o motivou para esta mudança.

O antigo administrador financeiro do Benfica, atual CEO do Al Ittihad, revelou ainda o que está a acontecer na Arábia Saudita e o projeto que existe para o futebol local.

Pelo caminho convidou quem acusa as autoridades sauditas de usar o futebol para lavar a imagem do país a visitar o país e perceber o que está a acontecer em várias indústrias.

Conte-nos um bocadinho como é que está a ser esta aventura na Liga Saudita.

É uma experiência muito interessante. É um desafio grande porque o futebol na Arábia Saudita está numa fase de profissionalização muito forte. Temos tido a oportunidade de ter grandes jogadores, a jogar em várias equipas e aquilo que estamos a construir nesta indústria, para qualquer profissional, é uma experiência absolutamente invulgar e única. Portanto, pessoalmente estou muito satisfeito com aquilo que tem sido a evolução da indústria aqui na Arábia Saudita.

O que é que destacaria mais dessa evolução à volta do futebol saudita?

Acho que aquilo que se nota é uma transformação da indústria. Os próprios clubes eram estruturas mais amadoras, hoje em dia já têm uma estrutura profissional. Há um conjunto de pessoas que veio de vários países e que está a ajudar a desenvolver o futebol, mas também a somar capacidade de atrair talento. Este ano contratámos um conjunto de jogadores mais jovens, em comparação com aquilo que tínhamos feito no ano passado, e isso dá uma dinâmica diferente ao futebol. E, portanto, aquilo que acredito é que esta Liga Saudita vai ser uma liga extremamente interessante nos próximos anos. Já este ano, aliás, mas certamente ainda mais nos próximos dois ou três anos.

A Arábia Saudita surge numa altura ideal para si. Precisava de sair de Portugal?

Não. Pessoalmente, não tinha nenhuma necessidade de sair de Portugal. Mas o projeto da Arábia Saudita, como me foi apresentado, e o desafio de, por um lado, ser um clube, mas por outro lado, também ser uma entidade que tem um acionista como como o Fundo Soberano, era uma oportunidade interessantíssima. Ainda hoje falava aqui com o CEO do Al Hilal e comentávamos os dois que, efetivamente, um bom profissional, não pode dizer que não estas oportunidades.

Teve uma assembleia geral precisamente dos acionistas do Fundo Soberano, fala-se muito desse Fundo Soberano, mas qual é o objetivo afinal do Fundo Soberano?

A Arábia Saudita definiu a um nível mais alto um projeto importantíssimo chamado ‘Vision 2030’, que é um projeto de desenvolvimento do país, no qual a indústria de futebol se insere. Portanto, os clubes, como referi há pouco, tinham umas estruturas relativamente inexistentes em termos de posição acionista. A entrada do fundo nestes quatro clubes [Al Hilal, Al Nassr, Al Ittihad e Al Ahli] visa dotá-los de uma estrutura profissional e de mecanismos de gestão que sejam ao mais alto nível daquilo que se encontra na Europa. E, portanto, é isso que o fundo tem feito. Nós estamos a seguir esse caminho, que é um caminho que não acaba aqui, que ainda se vai desenvolver até 2030, com a construção de novos estádios, construção de equipas, desenvolvimento de jovens jogadores, criação de uma academia. Tudo isso faz parte dos nossos planos. E, como eu dizia, é um projeto extraordinário.

As pessoas que falam do sportswashing na Arábia Saudita na realidade sabem o que se passa cá?

Eu acho que as pessoas têm de ver o trabalho que está aqui a ser feito. Quando conseguimos atrair jovens talentos, como atraímos este verão, não é uma questão de fazer qualquer lavagem de imagem ou outra coisa qualquer. É porque efetivamente todos os responsáveis do país acreditam naquilo que é esta indústria e naquilo que devem fazer para desenvolver esta indústria aqui na Arábia Saudita.

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